Artes e espetáculos em tempo de isolamento social

23/06/2020 às 00:48.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:50

A redução do Ministério da Cultura a Secretaria de Cultura mostra a falta de interesse do governo em estimular as manifestações culturais. Ainda que se diga “ad nauseam” que “a arte nos salva”, nenhum estímulo tem sido feito em prol dela, e sim, recuos. O quadro econômico agravou-se com a pandemia e o isolamento social e, com isso, sumiram os recursos para a arte. Aconteceram iniciativas individuais, como edição de livros, shows virtuais divulgados por “lives”, exposições pela internet, palestras e cursos on-line, todos a distância, para que não se estanque a produção. A remuneração dos artistas evaporou-se, ainda que algumas cotizações espontâneas tenham sido feitas para ajudá-los, especialmente aos idosos, historicamente descartados. As pessoas têm colaborado para livrar seus ídolos da fome. Tivemos perdas artísticas significativas, e nenhuma palavra de pesar se ouviu da Secretaria de Cultura. Morreram: João Gilberto, criador de Bossa-Nova, aos 88 anos, de causas naturais, em 6 de julho de 2019; Flávio Migliaccio, ator e diretor, aos 85 anos, que tirou a própria vida no dia 4 de maio, deixando em carta seu desalento com o mundo; Aldir Blanc, compositor de músicas engajadas, pegou a Covid-19, morrendo num CTI pago por amigos, aos 73 anos. Ficamos muito pobres com estas perdas. Seria áspero viver não fossem as artes que se entrelaçam e nos levam ao estado de contemplação e enlevo: Arquitetura, Literatura, Pintura, Escultura, Música, Teatro, Cinema, Televisão, Dança, Fotografia, Videogame, Quadrinhos e Artes Digitais. Quando temos um teto e alimento, buscamos a arte. O ser humano civiliza-se através dela e o deleite que dela emana. Mergulha-se no som de uma música, ou no universo de um filme, ou na história de um livro, ou em êxtase dentro de uma igreja. A arte nos humaniza ao acordar nossa abstração cerebral. Apenas o ser humano é capaz de apreciá-la, mas os animais também podem manifestar satisfação com a música. O consumo de arte mudou, sendo indispensável para reduzir as asperezas da vida, desde que supridas as necessidades essenciais. E agora, ao alcance de um clique. Quando voltaremos a nos aglomerar em segurança?

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