Afinal, este singular está certo?

01/12/2020 às 00:01.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:11

Nós escritores temos o hábito, desde meninos, de ficar olhando palavras no dicionário, grafia e significado. Meu pai era maníaco pela maneira correta de escrever.

Pode-se dizer saudade, mas em geral, escrevem-se saudades, para dar a dimensão real de como uma pessoa ou coisa ou situação nos faz falta. Lápis, ônus e bônus são palavras paroxítonas que terminam em “s” e têm plurais iguais ao singular. 

Quando são proparoxítonas que terminam em “s”, coloquem verbos, adjetivos e pronomes no plural. Preciso dos meus óculos novos. Minhas calças ficaram justas. Minhas costas doem.

Discutiu-se se o pensamento estaria completo quando se diz “meus sentimentos”, ao se solidarizar ao luto de um amigo. A intenção parece estar parcial, e recomenda-se dizer: meus sentimentos de pesar. Na dúvida, pode-se optar por outra palavra. 

A leitura garante um maior arsenal vocabular. Fala-se com grande frequência “meus pêsames”, e, ainda que pelo uso, tenha-se convencionado dizer a palavra no plural, pêsame existe e também pode ser usado. Como se trata de sentimento de tristeza parece ter maior força no plural. No mesmo tema, a palavra condolência pode ser grafada no singular.

Nubentes são o mesmo que noivos prestes a se casar, e quem é nubente estará se casando em dupla, assim, aqui não cabe o singular. Núpcias é palavra usada apenas no plural, e significa contrair matrimônio. “Ela nupcia”, quando nupcia é verbo conjugado na terceira pessoa do singular.

O domínio da oralidade exclui palavras, que ficam fora de moda, podendo ser desdicionarizadas.

No caminho oposto, novas palavras chegam e pegam seus lugares. Há estranhamento inicial, mas, logo tomam assento, entram nas rodas de conversa e depois na literatura.

Pelo uso comum em todos os dias, em especial nas redes sociais, a palavra parabém soa capenga, faltando a sua melhor letra, o “s”. Significa “para mais bem”. É um cumprimento com votos de boas coisas. 

Não é errado falar parabém, ainda que o Word grife a palavra de vermelho, porque costuma ser usada apenas no plural. 

O uso massivo de uma forma, quase que impede a existência da outra. Experimente escrever “meu parabém”. Ninguém aceitará. Caso se possa desejar muitos, por que querer apenas um?

O domínio da oralidade exclui palavras, que ficam fora de moda, podendo ser desdicionarizadas. No caminho oposto, novas palavras chegam e pegam seus lugares. Há estranhamento inicial, mas, logo tomam assento, entram nas rodas de conversa e depois na literatura
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