Real é a nossa moeda, que está valendo a sexta parte do dólar americano. Real é relativo a rei. “Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade” (Raul Seixas).
Real é verdadeiro, não imaginário, autêntico, genuíno, de verdade, concreto, efetivo. A Nasa descobriu indícios de um universo paralelo ao mundo real, perto de nós, mas que funciona ao contrário.
Irreal é algo que não é ou não parece real; que se encontra fora da realidade; que é produto da imaginação, da fantasia, da criação; que não tem existência real, imaginário. Neste ponto, o irreal dá um abraço no adjetivo surreal: contexto dos sonhos, da imaginação, incompatível com as leis da razão, de teor absurdo, ilógico.
O substantivo surreal refere-se a algo para além do real, existencial, prático, transcendental, estranho, incomum, bizarro. O adjetivo surreal também denota estranheza, acontecendo uma transgressão da verdade sensível.
Nas redes sociais, tudo que é excessivo, exagerado recebe a exclamação: surreal! A banalização do uso esvazia o sentido. Faltou palavra? Surreal!
O surrealismo, que incluía onirismo, psicodelia, psicanálise e simbolismo, foi um movimento artístico iniciado em 1920, cujo ícone é o pintor espanhol Salvador Dali, com seus marcantes bigodes finos e pontiagudos, e que morreu aos 85 anos. Foi o artista mais excêntrico da história e suas obras mostram “imagens bizarras, oníricas, com excelente qualidade plástica” (Wikipédia) com figuras de conformação aberrante. “Mesclava realidade e sonho na produção de imagens, e vendia quadros por preços estratosféricos” (site: Ah Aventura na História). Foi escritor, roteirista de cinema, designer e escultor. Gala foi sua esposa, musa e curadora. Inicialmente, esquerdista romântico, flertou com o fascismo e foi expulso do movimento. Sua obra autêntica é surreal.
A realidade está tão estranha com a onipresença da Covid-19 e a ausência de pessoas nos locais públicos, muitos de nós entocados há mais de dois meses, que o cérebro não sabe discernir real, irreal e surreal. Acontecem sensação de volta ao passado, ou de tempo acelerado, ou de mundo estreito. A catástrofe macabra é universal, mas cada um tem uma impressão diferente.