Fim de discurso

Artur Leite, professor e jornalista
28/06/2017 às 20:45.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:18

Um aviso aos Sindicatos, Centrais, Associações ligadas à esquerda radical e que já começam a fazer campanha contra os deputados estaduais e federais do Norte de Minas com a única intenção de abrir espaços para os seus candidatos de outras regiões como sempre ocorre (a primeira vítima é a deputada Raquel Muniz): dificilmente a reforma da previdência vai ocorrer neste ano ficando então para 2019 depois das eleições do ano que vem.

A denúncia da Procuradoria Geral da República contra o presidente da República, Michel Temer, e a estratégia de Rodrigo Janot de fatiar as acusações em três partes devem, a partir de agora, concentrar as atenções e o foco do Congresso. Com isso, a agenda das reformas, sobretudo a da Previdência, deve ficar para 2019, avaliam economistas e cientistas políticos ouvidos pela reportagem. Alguns deles acreditam que Temer tem condições de conseguir os votos necessários na Câmara para barrar as denúncias de Janot. O custo, porém, será uma paralisia do governo para tocar outras agendas que não a própria sobrevivência do peemedebista. Depois do pronunciamento de Temer ocorrido ontem, atacando de frente Janot, a situação ficou mais tensa e a base aliada está se armando para não aprovar o pedido do Procurador que agora também entrou no rol das denúncias pois teria negociado com o grupo JBS, além de um assessor direto ter atuado em banca de advogados defendendo os irmãos empresário. A base aliada de Temer vai ter que ser tratada com muito carinho, mais ainda, pois a cada proposta do presidente para ter apoio lhe enfraquece nas negociações para as reformas. Ontem o maior teste para ver se o governo está mesmo com o apoio integral da base seria a votação do texto de mudanças nas regras trabalhistas na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Já na terça a reunião ficou vazia pois todo mundo queria ver a defesa de Temer contra as denuncias de Janot. Preocupados com a reeleição o Congresso Nacional vai se preocupar agora é com a reforma política, mudando o atual sistema para o Distritão garantindo assim a volta da maioria deles no ano que vem. Como a reforma da Previdência é uma medida impopular, os parlamentares temem arranhar a imagem em ano eleitoral (2018).

Ventos que sopram de Brasília confirmam que o mercado aposta em postergação para a outra legislatura. “Mesmo uma reforma da Previdência mais esvaziada, que contemple apenas a idade mínima para a aposentadoria, vai ser difícil passar neste clima. Não tem ambiente algum para discussão de qualquer tipo de reforma”, afirmam economista, afirmando que o foco dos parlamentares serão as denúncias contra o peemedebista. “Há o risco de o governo Temer entrar em um estado de total paralisia, focado apenas em sua sobrevivência, deixando assim a agenda de reformas para o próximo presidente. Para o cientista político e consultor associado da 4E, Humberto Dantas, é “improvável, quase uma utopia” a aprovação da reforma da Previdência até 2018. Entre políticos da base aliada e da oposição, o atraso das reformas é tido como certo. O quadro está tão confuso que no pronunciamento do presidente a imprensa se perdeu completamente e deu espaço para analisar a vida de cada parlamentar que apareceu na foto ao lado de Michel Temer convocados pelo Palácio para dar apoio ao mesmo. Ora, que é da base é da base, e em nenhum hipótese daria satisfação aos opositores que na verdade querem se eleger em cima da votação das reformas e derrotar assim os seus “colegas” de Legislativo. Para quem tem experiência do mundo político a coisa funciona é assim mesmo no Congresso. Quem defendia reformas há pouco tempo hoje é contrário e faz discurso com o intuito de ganhar a simpatia e o voto de seus eleitores. Agora a coisa muda com a possível transferência das reformas. UMA COISA.

“Há o risco de o governo Temer entrar em estado de total paralisia, focado apenas em sua sobrevivência, deixando a agenda de reformas para o próximo presidente”
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