Família: a construção da vida

Eduardo Shinyashiki, mestre em neuropsicologia
19/09/2017 às 16:32.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:38

A família é um sistema vivo em contínua mudança e transformação. Os contextos mudam, os filhos crescem e os pais amadurecem. Cada um deve fazer a sua parte como elemento participativo e exercitar a flexibilidade e o reconhecimento.

É fundamental que exista um terreno de amor, afetividade, cumplicidade, intimidade e respeito entre os membros da família. Para isso, inicialmente, o comprometimento maior é dos adultos. Eles têm um papel importante até no que diz respeito aos ensinamentos das habilidades socioemocionais, ou seja, muito mais que a comunicação e o diálogo, é preciso transmitir também emoções, sentimentos e energia.

Diante disso, fica claro que ter um filho é uma grande responsabilidade. Ele chega com um “cartão de existência” para os pais: “estou aqui. O que vocês me oferecem?”. Começa então a missão de cuidar e educar. Essa relação inicial é o alicerce para formar laços fortes e, consequentemente, criar uma família unida.

A construção da realidade é diária e subjetiva. É importante se colocar no lugar do outro e ver a realidade com os seus olhos. Inclusive, os primeiros anos de vida são essenciais para mostrar aos filhos que eles são amados, protegidos e que podem contar com os pais. Isso ajuda a reforçar a autoestima e autoconfiança da criança.

O efeito principal disso tudo é a criação de bases emocionais sólidas, para que se tornem mais preparados e, assim, enfrentem com segurança o mundo externo e acreditem que viver é sinônimo de felicidade e não de sofrimento. E, mesmo que o relacionamento entre o casal não perdure, as referências do pai e da mãe devem ser evidenciadas.

No entanto, não é só o contato com os pais que merece atenção, pois é por meio das relações com os avôs, tios e primos que a criança se reconhece como pertencente a uma genealogia, a uma descendência e vive as primeiras experiências de relação social.

Os parentes não só ajudam na transmissão de valores e da identidade familiar entre as gerações, como também atuam com uma ação de apreciação, reconhecimento e valorização, sem carregar as expectativas que, muitas vezes, os pais têm.

Portanto, preocupar-se menos com o supérfluo e com os bens materiais, ter uma atenção maior ao tempo dedicado ao convívio são fatores essenciais para o conhecimento mais profundo um do outro.

Geralmente, o filho quer a presença dos pais e recebe um brinquedo; quer falar e ser ouvido, porém ligam a TV; precisa ser acolhido e chora, mas é desqualificado em vez de ser atendido.

É preciso cuidar da família como um ser vivo, que precisa de atenção, dedicação e amor para sobreviver de forma saudável e não se perder na solidão emocional.

Cuidar das relações, do coração e do espírito, alimentar não só o corpo, mas a mente e a alma dos filhos. No exemplo e na coerência dos adultos, os filhos se espelham, constroem o caráter, a identidade e a relação com a vida.

É compromisso dos pais permitir que os filhos se expressem em relação a eles: “Por ‘culpa’ dos meus pais, eu sou feliz”.

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