Nesses dias aí passados comemorando a Semana da Pátria, comecei a relembrar-me do tempo em que estudei lá no curso primário do Grupo Escolar Carlos Versiani. Às segundas-feiras, antes de entrarmos para as salas de aula, éramos dispostos em fila, a bandeira do Brasil hasteada por dois alunos e então cantávamos o Hino Nacional Brasileiro com tanta reverência, que podia-se ouvir o bater das asas ou o canto dos passarinhos, que se fazia ouvir ali a cada manhã. Parece-me que eles se uniam a nós naquele momento cívico.
Cada aluno já selecionado em cada classe vinha à frente e declamava uma poesia, ou uma estrofe, que enaltecesse o Brasil, a Pátria, a Mãe gentil. Aquele era um momento ufanoso. E nós nos sentíamos os maiores cidadãos da Pátria. Éramos crianças. Mas já escorria em nossas veias aquele fluxo quente traduzido por amor ao Torrão Natal.
A continuidade disso se deu quando comecei a lecionar. Aquele mesmo ritual e ainda aquele mesmo entusiasmo dos momentos cívicos nas escolas. Ouvi o mesmo Hino Nacional a enternecer o coração, como até então enternece, ouvi outras poesias, outras estrofes, outros alunos com a mesma disposição que me definiu no passado. Foi bonito de se ver! Havia amor pela Pátria, que Vinicius de Moraes chamou-a de Patriazinha.
Também participei dos desfiles cívicos no dia 7 de setembro. Que espetáculo pelas avenidas de Montes Claros: alunos desfilando garbosos, a história contada em carros alegóricos, onde víamos Santos Dumont tão bem caracterizado com o 14 Bis feito em madeira por algum marceneiro hábil; as reuniões da Câmara Municipal lá nos idos distantes; as balizas desempenhavam seu mister com precisão, com arte e com graça. Foi um espetáculo à vista!
Onde está o sentimento nativista? Onde está o sentimento de amor à Pátria? E qual Brasil queremos deixar para as gerações futuras? O Brasil possui entre outras riquezas os biomas naturais, e poucos países do mundo contam com uma riqueza natural dessa magnitude.
Vinicius de Moraes expressou o seu amor à Pátria Brasil, quando no exílio:
“Agora chamarei a amiga Cotovia e pedirei que peça ao rouxinol do dia que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama: “Pátria minha, saudades de quem te ama...”