Regina de Castro Barbosa, neta do Antônio Vieira de Araújo Machado Sobrinho, num misto de saudade e conhecimento, fala da vida de seu querido avô, que deixou um legado que constitui verdadeira fortuna literária para os familiares e amigos. Antônio Vieira de Araújo Machado Sobrinho nasceu na fazenda dos Limoeiros, município de Vassouras, Vale do Paraíba do Sul, vale do café no Estado do Rio de Janeiro. Região muito rica, de uma das maiores opulências do Brasil. Ali o trabalho escravo prevalecia no cultivo da terra, mas, com a abolição da escravatura, a economia despencou, fazendas foram hipotecadas e houve grande evasão dos habitantes. Machado Sobrinho sabia que teria que sair de Vassouras, e, com a família, veio para Juiz de Fora. Aqui iniciou sua luta pela vida. Foi redator-chefe de “O Pharol”, jornalista no Correio de Minas, fundou o jornal A Evolução, dedicando-se às Artes, Literatura, Economia e Política. Grande orador, fora às tribunas trabalhar pela Abolição da Escravatura. Fundou o Colégio Lucindo Filho, homenagem a seu professor de Valença que o animou a seguir seu dom natural: Humanidades – Letras. Fundou o colégio Instituto Comercial Mineiro, na rua Paletta, 203. Aqui, ele sofreu perdas irreparáveis, como uma filha com 11 anos, com problemas cardíacos, e sua esposa, com a gripe espanhola. Machado Sobrinho se abalou, sofreu, mas continuou. Foi um dos entusiastas e fundadores da Academia Mineira de Letras, no dia 25/12/1940, tendo seu início em Juiz de Fora. Mas foi no magistério que mais se destacou. Como homem de visão, teve o seu olhar voltado para a Educação! Professor incomum, teve a iniciativa de que moças e rapazes precisavam ter empregos, para se desenvolverem no tempo e no espaço e, assim, com a Remington, teve, ao lado da cultura, aulas de datilografia;mas também ginástica, esportes, Tiro de Guerra para os rapazes que tinham o internato. Para as moças, só o externato. Tem várias obras editadas: • Primeiros Versos (1887 a 1896) ; Maria Cândida – 1911; Epitafaneio Aéreo; Centenário de Alexandre Herculano e outros que, como os dois últimos, estão em edição esgotada; Tratado Universal de Comércio e Contabilidade, seriam 12 volumes, mas publicou dois, em quatro tomos (esgotada). Conhecer a história de nossos pais, nossos avós e bisavós é conhecer a nossa origem, os nossos gostos e as nossas inclinações culturais. Parabéns, Regina, por tamanha dedicação e valorização de seu antepassado! A história dele será motivação para as gerações futuras!