O Café Galo

13/11/2020 às 00:05.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:02

Outro dia, precisamente no mês de setembro, li um artigo num jornal onde o doutor Petrônio Braz discorria sobre o Café Galo. O Café Galo é um desses cafés onde, além de se saborear um gostoso e quente café, as pessoas se deliciam contando casos, falando de política e apreciando beldades que por ali desfilam. 

Ele fala em sua crônica sobre conhecidos cafés nos subúrbios de Paris; em Veneza ocorriam encontros nos Bottegle Del Café e que ainda ocorrem os encontros sociais e culturais no famoso Café Florian.

Ainda segundo o doutor Petrônio, em Paris, é muito conhecido o Café Procope, onde os intelectuais se reúnem, durante as tardes, para declamarem poesias, ler livros e jornais, ou simplesmente para passar o tempo. No Brasil ficou famosa a Rua do Ouvidor, que Joaquim Manoel de Macedo classificou como a mais passeada e concorrida, e mais leviana, indiscreta, esbanjadora, fútil, poliglota e enciclopédica de todas as ruas da cidade do Rio de Janeiro.

Principalmente poliglota e enciclopédica, a Rua do Ouvidor era o ponto de encontro dos intelectuais da capital do Império.

Belo Horizonte tem o Café Nice, na avenida Afonso Pena, por onde passam também intelectuais e desfilam homens notáveis, que fazem a história de Minas Gerais.

Montes Claros, a capital do Norte de Minas, também possui a sua via pública passeada e concorrida, poliglota e enciclopédica: o Quarteirão do Povo. 

São famosos o Café Procope, em Paris, o Café Florian, em Veneza; o Café Nice, em Belo Horizonte, contudo não menos famoso e conhecido é o Café Galo, situado no Quarteirão do Povo.

Foi por ali que desfilamos indo para a Escola Normal, onde estudávamos. Dávamos uma grande volta, mas tínhamos que passar por aquelas redondezas, onde os jovens se postavam em frente ao Café Galo para apreciar o nosso desfile. As blusas de tricoline (naquele tempo não eram blusas de malha) engomadas, bem passadas, meias brancas muito limpas e aquele sapato Vulcabrás (rs) bem engraxado (só usávamos conga para a Educação Física) por ali nós desfilávamos como se estivéssemos na passarela do Baile das Debutantes do Lazinho Pimenta ou do Baile da Glamour girl do Teodomiro Paulino. Festas estas que só tínhamos notícias na Revista Montes Claros em Foco. 

Mas nós desfilávamos dominando a passarela; e o júri postado em frente ao Café Galo, quando aqueles jovens escolhiam a sua pretendida.

Creiam-me muitos casamentos saíram dali.

Ali, no Quarteirão do Povo, ainda hoje o Café Galo é o ponto de encontro dos políticos, jornalistas e intelectuais, mas foi também e com maestria o ponto de encontro daqueles que buscavam o amor para a concretização de seus sonhos.

E como foi lindo! E como é lindo passar por ali e entreter recordações!

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