O amor na poesia de Emily Dickinson

22/10/2021 às 00:03.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:06

Palestra proferida por Cecy Barbosa Campos presidente da Academia Juiz-forana de Letras (AJLF) Juiz de Fora MG.

Cecy Barbosa Campos, presidente da AJFL no segundo ciclo de palestras da referida Academia, “O Amor na Literatura Universal”, discorreu sobre o amor na poesia de Emily Dickinson. Uma palestra interessantíssima em que a Cecy, com sua desenvoltura, muito amor pela literatura e pela obra de Emily Dickinson, fez uma exposição, onde podia-se observar a emoção com que ela dispunha cada relevante riqueza, conduzindo-nos ao jardim onde a Emily cuidava das flores ou quem sabe recebendo um de seus bilhetinhos expressando suas impressões pessoais.
Eu recebi um bilhetinho da Emily naquela memorável noite. E ela me dizia; “sei que você tem prazer em conhecer-me...”. E eu o guardo com muito amor no oceano infinito em que mergulha o meu coração. Emily Dickinson nasceu em Amherst, Massachusets, em 1830. Em vida teve apenas 7 ou 8 poemas publicados e mesmo seus familiares se surpreenderam com a multiplicidade de sua produção poética: foram encontrados, na escrivaninha do seu quarto, 1.775 poemas, distribuídos em pequenos conjuntos, amarrados com barbante. Muitos destes poemas pareciam inacabados ou à espera de revisão, com palavras sobrepostas, como se a poeta ainda fosse escolher a que preferia.

A Educação formal de Emily foi interrompida quando após completar o curso médio na Amherst Academy e começar os estudos no Mount Holyoke Female Seminar é acometida por severas crises de bronquite, tendo que retornar à sua casa. Nesta época, observa-se uma mudança no comportamento de Emily: afasta-se das atividades sociais e raramente sai de casa, apenas sendo vista no jardim, cuidando das flores. Mas continuava tendo contatos com os vizinhos e amigos por meio de bilhetes em que se manifestava a respeito de acontecimentos que envolviam pessoas conhecidas, fatos da cidade ou meramente expressando fatos e impressões pessoais. Sabe-se que ela pouco conheceu do mundo fora dos muros de sua casa, tendo feito algumas viagens com a família por problemas de saúde ou questões familiares. 

Numa destas viagens conheceu o Reverendo Charles Wadsworth, que desempenhou papel preponderante em sua vida. Corresponderam-se e ele a visitou duas vezes em Amherst mas, ao que tudo indica, nunca foi mais do que um orientador espiritual e provavelmente não chegou a imaginar a intensidade do amor que despertou. O Reverendo foi transferido para a Califórnia em 1862, para onde mudou-se com a família. A partir desta data, Emily passou a vestir-se exclusivamente de branco e mesmo no jardim, sobraçando flores, era presença rara.

Seguiu-se um período de grande efervescência literária em que o amor tornou-se tema frequente, chegando ao erotismo, como no poema 249, em que ela antecipa noites de amor com seu amado:

Noites bravias! Noites bravias!

Estivesse eu contigo

Noites bravias seriam

Nossa luxúria!

Emily Dickinson morreu aos 56 anos em1886. Só vai ser conhecida no século XX, quase 70 anos depois de sua morte.


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