Mais belezas literárias

14/05/2021 às 00:06.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:56

Não podemos negar os fatores positivos levados em conta durante o período da pandemia encontrados por aqueles que buscam aproveitar o máximo do tempo e das excelentes oportunidades oferecidas pelo mesmo. As lives, por exemplo, têm sido de grande préstimo nos estudos, palestras, aulas que, no aconchego dos lares e em lugares bem distantes, onde nem sempre iríamos pessoalmente, temos usufruído de eventos bem elaborados e dos quais temos tido grande proveito, conhecendo pessoas, conquistando grandes amizades e enriquecendo nossos conhecimentos.

Assim é o que tenho presenciado às quartas-feiras através de plataforma de uma série de palestras num Curso de Literatura promovido pela Academia Juiz-Forana de Letras, sob a coordenação da presidente Cecy Barbosa Campos. Uma riqueza incontestável! E a cada quarta-feira vislumbramos a sensibilidade e a beleza e a emoção daqueles que se propõem a falar da vida e obra de algum escritor, às vezes, pessoa da própria família. Uma riqueza!!!

Na quarta-feira passada foi a Vida e Obra de Creusa Cavalcanti França, explanada por Beth Sacchetto, uma preciosidade para o nosso coração. A palestrante iniciou sua explanação falando sobre a vida da escritora homenageada.

Creusa Cavalcanti França nasceu na cidade de Piraju, Estado de São Paulo, em 1938. Era filha de Narcizo César Cavalcanti e Arceste Artini Cavalcanti. Passou a infância em sua terra natal e, aos 10 anos, a família se mudou para a capital do Estado. Aos 12 anos, com os pais e cinco irmãos, Creusa chegou a Juiz de Fora, onde se radicou e viveu até a sua morte, em 29 de maio de 2013. 

Apesar de ser paulista de nascimento, ela se sentia mineira e se declarava juiz-forana de coração. Tornou-se, oficialmente, cidadã juiz-forana em 20 de novembro de 2003. Creusa declarou que, no decorrer de sua vida, criou “vínculos profundos com Juiz de Fora, numa identificação plena e para sempre.”

Estudou no Stella Matutina e graduou-se em Letras Clássicas pela Faculdade de Filosofia e Letras de Juiz de Fora, em 1953, e pôde conviver com eméritos professores, como Wilson de Lima Bastos, Henrique Hargreaves, Padre Aloísio Derossi, Arcélio Santin, Frei Pierre Secondi e outros que se tornaram fonte de inspiração para o exercício do Magistério e para a inserção na vida cultural da cidade.

Sempre elegante, Creusa Cavalcanti França era assídua em vernissages, saraus e quaisquer outros eventos culturais para os quais era convidada. Com sua simpatia e gentileza, devotou-se à cena artística local, acompanhando-a em detalhes, que certamente lhe serviram de inspiração para os mais de 12 títulos literários lançados ao longo da extensa e intensa carreira tanto na prosa quanto no verso.

Ainda colaborou com a imprensa juiz-forana e do Estado, escrevendo para o Diário Mercantil, o Jornal de Minas, a Tribuna de Minas, a Gazeta Comercial, o Diário Regional, o Suplemento Literário do Minas Gerais - BH, Jornal de Minas - BH e outros. Foi fundadora e editora do Jornal Literário O Lume e das Edições O Lume.

Casou-se com o general-médico e escritor Aspérides de Souza França (patrono da cadeira 40, da Academia Juiz-Forana de Letras). Participou também de várias academias, entidades lítero-culturais, antologias, monografias, verbetes de dicionários e presença em obras acadêmicas.

Tem 12 livros publicados desde 1977 até 2011, entre poemas, ensaios, discursos e trovas. Aqui ela expressa sua paixão por Juiz de Fora:

“(...) Juiz de Fora se nos afigura um Paraíso Particular. Memoráveis flagrantes exibem o empenho de seus filhos e dos que a adotaram como berço, numa jornada que já lhe transpõe o sesquicentenário, permitindo-lhe ostentar um status metropolitano. Carismática e bela – musa de incontáveis poetas – quantos foram os epítetos a lhe aureolar a fronte e quantas expressivas qualidades nos levariam a lhe conferir outros tantos lauréis. Estou encantada com Juiz de Fora, com sua Academia de Letras e com aqueles que a povoam no trabalho da escrita, da pesquisa e da leitura, ferramenta com as quais poderemos mudar o mundo. E que as esperanças continuamente se renovem nesta casa, onde se encontra o condão de atrair o saber”.

Beth Sacchetto foi incansável na sua pesquisa, que custa toda a nossa consideração e apreço. É algo de que a posteridade não poderá esquivar-se e nem nós poderemos negar-lhe. 

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