Uma das conquistas dos brasileiros, a Lei 10.741 ou Estatuto do Idoso garante atenção diferenciada às pessoas com mais de 60 anos. Um dos direitos dessa parcela da população é a gratuidade do transporte público, cujas regras para obtenção do benefício são estabelecidas pelos municípios. Em algumas cidades, basta apresentar no ônibus documento com foto que comprove ser idoso para viajar de graça. Em outros, é preciso retirar um bilhete junto ao órgão público responsável para ter acesso a viagens gratuitas.
Montes Claros optou pelo sistema de concessão de bilhete renovável, mas no processo para obtê-lo idosos denunciam receber um tratamento de desrespeito. Ao tentar retirar ou renovar o cartão de gratuidade na Empresa Municipal de Planejamento, Gestão e Educação em Trânsito (MCTrans), eles reclamam enfrentar horas de espera em condições desconfortáveis e até insalubres, além de não serem bem atendidos pelos funcionários. Alguns denunciam ter comparecido várias vezes à empresa sem ter a solicitação atendida – grande parte com a saúde frágil e limitações físicas em função da idade avançada. A situação se estende aos portadores de deficiências.
O quadro de sofrimento dos idosos usuários do transporte público em Montes Claros mostra que não basta dizer que o serviço é gratuito, é preciso também implantar um sistema de atendimento que não fira os direitos dos idosos. Salas confortáveis, com cadeiras, atendimento qualificado e ágil e pessoas dispostas a ouvi-los com atenção são essenciais para garantir um tratamento humano e com respeito à lei. Caso contrário, o passe livre – que seria um benefício – resulta em um custo alto para a saúde e o bolso dessa parcela da população.