Na Semana Nacional do Trânsito, que anualmente acontece de 18 a 25 de setembro, a vasta programação vem não apenas para conscientizar motoristas, ciclistas e pedestres sobre o perigo que nos espreita em cada esquina. O que salta aos olhos, nos debates realizados, é que o trânsito passou, desde muito, a ser um caso crônico de saúde pública, visto que leva à hospitalização, invalidez e morte de inúmeras pessoas por ano.
É fato que de 2014 para 2018 a queda no número de óbitos foi significativa, caindo de 44.823 em 2014 para 33.625 em 2018. Mas, ainda assim, as vidas perdidas por imprudência, por desrespeito às leis de trânsito são alarmantes. O óbito, sem dúvida, é a face mais horrenda dessa estatística, mas os números daqueles que perdem a mobilidade de uma perna, de um braço ou mesmo se tornam tetraplégicos é uma outra face, também muito dolorosa. Em 2018, foram 228.100 indenizações por invalidez e, neste número, não aparecem aqueles que tiveram as indenizações negadas ou ainda, que nem sabem desse direito.
Todos esses dados nos levam a crer que as ações para que as mortes no trânsito deixem de ser uma realidade precisam ser mais efetivas. Propagandas na TV ou mesmo a extensa programação da Semana do Trânsito não têm sido suficientes para mudar essa realidade. Para que os números se transformem em estatísticas positivas, o principal, além de promover campanhas ao longo de todo o ano, não apenas em setembro, é educar as crianças e os jovens, potenciais motoristas, possíveis ciclistas e 100% pedestres.
Mas se a conscientização do cidadão é fundamental para mudar essa história, o investimento em estrutura nas cidades e a melhoria das rodovias é outro fator que influencia tanto quanto. Por isso, é necessário que se pense as cidades de forma mais planejada ou, ainda, que se pense o crescimento das cidades de forma o mais ordenado possível.
Ao findar da Semana Nacional do Trânsito, o que fica é a sensação de que se pode fazer, de que é necessário buscar soluções mais efetivas, campanhas mais efetivas que de fato promovam o engajamento e a conscientização do cidadão e a certeza de que responsabilidade no ir e vir é a forma mais eficaz de salvar vidas.