Pandemia em curso, sistema de saúde completamente desestruturado e sem capacidade para atender a demanda, educação vivendo de migalhas, inflação em alta constante, desemprego atingindo índices vergonhosos, vacina a conta-gotas, fome, miséria...
Nada disso foi suficiente para barrar a ganância dos políticos pelo poder e pelo dinheiro. Quase por unanimidade deputados e deputadas de todos os 27 estados brasileiros e do Distrito Federal votaram a favor do aumento do valor a ser repassado pela União para o Fundo Eleitoral – de R$ 2 bilhões para quase R$ 6 bilhões.
Mais do que imoral, é um tapa na cara da sociedade, que tem se virado para pagar os altos impostos, esperando um retorno que, certamente, não é esse.
Os R$ 2 bilhões anteriormente acordados já eram uma afronta, mais de R$ 5 bilhões é extorsão. Esse dinheiro daria para comprar lotes e lotes de vacina, para melhorar a estrutura de hospitais, pagar melhor professores, construir escolas, levar saneamento básico para um sem número de famílias...
Essa dinheirama, que o povo, que o cidadão colocou nos cofres do governo federal precisa ser usada em favor da população, não para bancar projetos políticos de um grupo restrito de pessoas.
Enquanto o povo sofre nas filas à espera de saúde, educação e até alimentos, o Congresso usa o dinheiro público para bancar sonhos megalomaníacos de quem nunca foi povo ou, se foi, se esqueceu como é.
A Reforma Política que está em discussão e em votação tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado deveria estar preocupada em frear essa aberração.
A Reforma deveria incluir uma cláusula que colocasse limite não apenas no custo das campanhas, mas no valor do Fundo Partidário. Mais do que isso, se os políticos tivessem de fato consciência do seu papel, deveriam ter votado contra a indecência desse aumento do Fundo Partidário.
Espera-se que o presidente da República tenha bom senso e vete esse item da Lei de Diretrizes Orçamentárias e que os políticos tenham a vergonha e a decência de não ousarem derrubar esse veto.