O fim do recesso dos parlamentares e a retomada dos trabalhos na Câmara dos Deputados trouxeram de volta o debate e a polêmica sobre o voto impresso auditável. As mudanças relacionadas ao processo eleitoral que desde o início do ano já dominavam os debates no Congresso esquentaram. Deputados contra e a favor do voto impresso foram à tribuna externarem suas opiniões. Muitos, no entanto, acabaram extrapolando nas palavras, o que gerou a necessidade de declaração do presidente da Câmara, Deputado Arthur Lira, não apenas para apaziguar os colegas como contornar uma possível crise entre os poderes.
O projeto é um dos mais debatidos no plenário da Câmara dos Deputados, onde grupos estão se digladiando, em busca de fazer prevalecer o seu ponto de vista, os seus argumentos e têm gerado atritos entre os três poderes da República. Nenhum deles tem medido esforços e nem palavras para impor suas ideias. Na Câmara já se criam, inclusive, blocos: de um lado o bloco daqueles que acreditam que a impressão do voto pode ser a solução para eleições mais seguras e para se evitar fraudes. Do outro lado, o grupo daqueles que acreditam que o processo eletrônico é seguro. E tem a terceira via, grupo que acredita que é preciso debater mais , até encontrar solução para evitar os erros e/ou defeitos apresentados pelas urnas eletrônicas, tonando o processo não apenas mais seguro, mas, sobretudo, mais transparente.
Não se sabe ainda que grupo conseguirá impor sua vontade, mas é preciso muita cautela em relação à impressão do voto, para que ele não se volte contra a democracia, contra o processo eleitoral. A impressão do voto é uma prova para o eleitor de que seu voto foi computado da forma como ele queria, mas pode se transformar em ferramenta de manipulação do eleitorado, trazendo de volta os antigos currais eleitorais.
Portanto, espera-se que, em nome da democracia, os muitos grupos que estão na arena do Congresso, lutando para transformar suas ideias em projetos e seus projetos em lei, sejam sensatos e encontrem uma solução que não coloque em risco as conquistas democráticas do pós-ditadura.