Se para o agronegócio o uso de agrotóxicos significa maior produtividade e lucros, para a população que consome frutas e verduras e trabalhadores do campo essas substâncias podem resultar em danos para a saúde e levar até a morte. Dados divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas revelam que nos últimos sete anos 120 pessoas morreram no Estado após contato direto ou indireto com defensivos agrícolas. De 2012 a 2018 foram mais de 2.500 internações por intoxicações. Elas ocorrem, geralmente, por meio de inalação ou ingestão, mas o consumo de alimentos com resíduos de agrotóxicos também gera riscos.
No Norte de Minas, a Emater busca caminhos para reverter essa triste estatística. O órgão estimula entre os agricultores o uso de produtos naturais que possam substituir o de substâncias químicas no controle de pragas nas lavouras, tais como caldas feitas com pimenta, fumo e vinagre. A iniciativa gera resultados com a concessão do Selo Sem Agrotóxico para dezenas de produtores.
No entanto, muito ainda é preciso ser feito pelo poder público para conter o uso indiscriminado dos defensivos agrícolas, como uma fiscalização sanitária nas fazendas para evitar o manuseio dos produtos sem proteção, como máscaras, além de inspecionar se o descarte das embalagens é feita da maneira adequada. Mas, para o consumidor, a verificação é mais difícil. Resta a ele os alimentos orgânicos, no entanto, o custo mais alto não o torna acessível a grande parte da população. Ou então adotar medidas caseiras, mas eficientes, como uso de bicarbonato ou outras substâncias na lavagem de legumes, verduras e frutas para retirada dos resíduos, antes que eles cheguem à mesa.