Considerando a bandalheira vista após a adoção das medidas de flexibilização da quarentena iniciada em março, tem surpresa zero na disparada de novos casos de Covid-19 em várias cidades mineiras e dos vários passos atrás que agora precisam ser dados para conter o avanço acelerado da doença. Parafraseando o grande escritor Gabriel García Márquez, é a crônica de uma tragédia anunciada. E, infelizmente, com impactos nas vidas também de quem não ignorou as recomendações das comunidades médica e científica e tomou os devidos (e básicos) cuidados, como uso de máscara e adoção do distanciamento social. Desde o início da flexibilização houve brados em defesa da economia, do emprego. Muito justo. Uma economia em frangalhos não é bom para ninguém, mas a necessidade de preservar a vida que gera e ocupa os postos de trabalho era mais urgente. A ideia era, gradativamente, com a cautela requerida pelo momento, aumentando também as chances de entender um pouco mais o “inimigo” devastador, retomar atividades, do mundo do trabalho. Ficou mais no plano. Abusos resultaram em aglomerações. As máscaras foram ignoradas por parcela da população. Sobrou desrespeito às regras estabelecidas de todas as partes. Fiscalização, multas, orientação pouco resolveram. Houve - e ainda há - muita gente cheia de razão nas redes sociais, tentando desacreditar vozes de credibilidade mundial, espalhando fake news. Só porque está de saco cheio. Só porque não tem respeito pela vida alheia e o bem-estar coletivo. Gente sem conhecimento de causa, mas cheia de verdades a impôr. Só porque talvez seja mais fácil negar, o que quer que seja. E brigar contra a realidade, claro! Como resultados, hospitais novamente lotados, alta de 27% nos casos de contaminação e quatro macrorregiões de Minas fechando novamente o comércio. Para quem priorizava a retomada da economia, certamente agora ficará mais complicado.