O anti-herói

21/01/2021 às 00:01.
Atualizado em 05/12/2021 às 03:58

Infelizmente, nenhum laboratório, e nem mesmo todos aqueles que estão à frente das pesquisas em relação à vacina da Covid-19, conseguiu produzir doses suficientes para imunizar toda a humanidade. E, ao que parece, não o conseguirá a curto prazo. Em função disso, governos pelo mundo afora estão definindo não apenas os protocolos de vacinação, mas públicos que receberão prioritariamente a imunização.

Apesar de famílias inteiras estarem confinadas, isoladas desde o início da pandemia, muitos longe de seus familiares, longe dos abraços que aquecem o coração em momentos sombrios que estamos, em nome de proteger os que amamos, a priorização, em função da quantidade de doses, tem frustrado a muitos. 

Em Minas, como na maioria dos estados e países, a prioridade são os profissionais da saúde, os idosos que estão asilados e os indígenas. Longe dessa polêmica e desde sempre isolado, o prefeito de Montes Claros decidiu, não se sabe através de quais critérios, burlar a lista dos prioritários e se colocar como prioridade. Atitude impensada, se levarmos em conta idosos com muito mais necessidades do que o prefeito e com muito menos condições financeiras para se cuidarem caso sejam acometidos pela doença.

Em uma cidade com mais de 400 mil habitantes, que recebeu apenas 9 mil doses, para imunizar cerca de 4,5 mil cidadãos, já que são necessárias duas doses para ser de fato imunizado, o prefeito simplesmente se “adonou” das doses e se definiu como prioridade. Sob a desculpa de que ser vacinado se transforma em exemplo para provar a eficácia da vacina e, ainda, para levar outros idosos e demais cidadãos a se vacinarem, ele fura a fila e, o mais grave, rouba a vez de uma outra pessoa de receber, por direito, a dose da vacina. 

Sem pensar se está ou não assinando a sentença de morte de alguém, já que essa pessoa que ficou sem dose pode ser acometida pelo vírus, ele trata a si como um herói. Para quem tem um mínimo de caráter, se assemelha mais ao anti-herói, ao vilão da história.

Resta saber agora se haverá alguma punição por parte das autoridades para tamanho desmando, para tão vergonhoso abuso de autoridade. Porque ser herói burlando leis nada mais é do que se beneficiar inescrupulosamente. A pergunta principal que fica é: a consciência não pesa, sr. Prefeito?

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