A falta de vigilância no abate e comércio de carnes em Montes Claros coloca a saúde da população em risco. Informações do Instituto Mineiro de Agropecuário (IMA) relevam que 80% da carne vendida no município vem de abates clandestinos. Em outras palavras, tem origem em estabelecimentos que estão fora do escopo da lei e por isso não passam pelo controle da Vigilância Sanitária, que determina práticas e normas adequadas de higiene. Além de não combater a proliferação de frigoríficos ilegais, a prefeitura falha ao não fiscalizar os açougues, que vendem livremente produtos de origem duvidosa.
Quem paga pela irresponsabilidade é o consumidor. O IMA alerta para o aumento do número de doenças transmitidas pelo consumo de carne contaminada entre a população montes-clarense, fruto do abate e comércio irregular. Cisticercose, tuberculose e brucelose são algumas das enfermidades transmitidas pelo consumo de carne contaminada e que podem gerar sequelas e levar até a morte, caso não sejam diagnosticadas de forma precoce e não recebam tratamento adequado.
No caso da cisticercose há riscos, inclusive, de problemas neurológicos. Os tratamentos, além de trazerem sofrimento para o portador, oneram o sistema de saúde público. Ou seja, o poder público municipal, ao não fiscalizar o abate e comércio da carne, negligencia a importância da saúde para os moradores, e paga um preço lá na ponta – nos hospitais –, para os quais são desembolsados altos recursos financeiros para tratar doenças que poderiam ser evitadas com medidas simples, já previstas em lei.