Nem tudo é política, mas a política está em tudo, como já bem definiu certa vez Frei Betto, em artigo. E mais ou menos como acontece com a religião, política serve para mudar ou para deixar tudo do jeito que está; serve para oprimir ou para libertar da opressão; serve para ampliar participação ou para excluir uma parcela social das discussões ou, pior, das definições que afetam o rumo da vida.
Portanto, torcer o nariz para o assunto, sobretudo com a proximidade das eleições, não é, definitivamente, bom negócio. Para ninguém.
Afinal, ir às urnas é um direito duramente conquistado e trata-se de uma oportunidade para repensarmos a cidade que queremos (o que pode e deve ser feito de maneira constante e mais ainda durante as eleições). Também permite ao cidadão repensar e cobrar as políticas públicas que deseja ver adotadas, as prioridades a serem consideradas nos próximos quatro anos, que tipo de sociedade podemos e devemos ser, entre outras coisas.
Ir às urnas é oportunidade legítima para mudar a atual realidade das coisas. Para oxigenar a gestão, para que haja renovação.
Em Montes Claros, a atual gestão costuma centrar a propaganda de seus feitos dos últimos anos na melhora do índice de cobertura asfáltica da cidade. Se o serviço estivesse bem feito, seria muito bom para toda a comunidade, claro, mas o que O Norte tem mostrado em várias edições é a péssima qualidade das obras, que já não resistiram às primeiras chuvas fortes da temporada. É dinheiro público mal utilizado. É população ainda desassistida e muitas vezes sem condições adequadas para sair e entrar em casa.
Reivindicar o direito a uma boa gestão é política; cobrar o bom uso dos recursos públicos é política. Democracia significa ter o povo no comando, por meio dos representantes que elegeu. Portanto, cada um de nós tem o dever de escolher (bem) para si si e os outros: parentes, vizinhos, os filhos que virão. Não feche os olhos para a política, pois isso é dar a alguém, que pode não ser tão bem intencionado, o poder de decidir o que é melhor para você.