A crise econômica que faz milhões de desempregados exige criatividade dos desafortunados para garantir o necessário que os permita tocar a vida. O mercado informal é opção que grande parte dos sem-salário busca para sobreviver a à penúria sem precedentes. A figura do camelô, então, ascende neste cenário e o seu número prolifera além do que seria normal por todos os cantos da cidade, em especial no centro.
A atividade, no entanto, está longe de ser disciplinada. Os camelôs atuam de forma aleatória, desorganizada, migrando de uma esquina para outra, ora de uma calçada para outra, carregando consigo produtos desde os piratas a frutas de época. Longe de qualquer fiscalização que se possa dizer competente da administração municipal, eles ajudam a tornar o centro de Montes Claros um caos. Porém, antes da necessidade de uma fiscalização que os puna por trabalharem, o que seria absurdo, o município deve entender o mercado informal como fonte de renda que garante a manutenção de centenas de famílias. É necessário que o município respeite essa atividade, começando por concentrá-la em locais apropriados, com seus representantes atuando sob regras. Ressalte-se, locais que de fato garantam o sucesso de suas vendas, pois não cabe mandá-los para uma área de fim-de-mundo onde ninguém vai. Agora, justiça seja feita, a desorganização no comércio não se limita apenas à atividade informal. O formal também tem seus pecados, como fazer dos passeios públicos extensão de seus estabelecimentos, tornando-os vitrines de produtos que cerceiam o direito do cidadão de ir e vir. Portanto, a questão não é só de informalidade. A formalidade também tem sua culpa nessa bagunça.