Embora a lei eleitoral determine que os partidos precisam ter, dentre os que são candidatos ao Legislativo, 30% de mulheres, a política ainda tem uma face masculina. Reflexo do fato de o Brasil ter incluído as mulheres na política há um tempo relativamente curto, pois só em 1934 as restrições ao voto feminino foram eliminadas do Código Eleitoral e, apenas em 1946, a obrigatoriedade do voto foi estendida às mulheres.
m período igual, as mulheres ingressaram na faculdade e mais, investiram em profissões até então tidas como exclusivamente masculinas, que hoje já têm uma feição mais feminina. Por que, então, a participação da mulher na política é ainda pequena? Mesmo identificando avanços que denotam mudanças interessantes e positivas, além de um visível crescimento da conquista do espaço da mulher nesta área, como a eleição de uma mulher no mais alto escalão da República; a lei Maria da Penha; a eleição da primeira mulher para a Mesa da Câmara dos Deputados e o número, a cada eleição, crescente de mulheres prefeitas, vereadoras, governadoras e deputadas, as mulheres permanecem minoria neste espaço de decisões definidoras dos rumos da sociedade, do país.
Prova disso, é que o cientista político Paulo Kramer detectou que os partidos políticos continuam com dificuldade para cumprir a cota destinada às mulheres, porque, segundo ele, faltam interessadas. Ele acredita que a origem do problema está na falta de confiança da própria mulher na política como forma de contribuir para o desenvolvimento do país. Isso mostra que as cotas por si só não resolvem o problema, pois se fossem eficazes, pelo menos um terço do Congresso seria constituído por mulheres. Mesmo as mulheres sendo maioria da população, a diferença permanece e as mulheres não conseguem a mesma representatividade nas instâncias políticas.
Em Montes Claros, elas são 32,2% do total de candidatos. Número que comprova que os partidos apenas conseguiram cumprir a cota mínima, de 30%. Ontem, o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, defendeu maior participação das mulheres na política. Na avaliação de Barroso, seria bom para o país e para o interesse público. “Eu gosto sempre de lembrar que os países que tiveram melhores resultados no enfrentamento da pandemia, por acaso ou não, eram liderados por mulheres: a Nova Zelândia, a Alemanha e a Dinamarca”, disse o ministro.
Que esta situação possa mudar e que, nas próximas eleições, os partidos consigam muito mais que cumprir a cota mínima.