Montes Claros está, mais uma vez, às voltas com uma importante questão de saúde pública. Desta vez, o que preocupa é a leishmaniose visceral (calazar), transmitida pelo mosquito-palha, ou flebotomíneo – cuja fêmea pica o cão, especialmente, ou outros animais e, em seguida, o homem.
Nos últimos cinco anos, a Macrorregião Norte de Minas notificou mais de 500 casos de leishmaniose visceral, dos quais 146 em Montes Claros – município que estima ter 9 mil cães vivendo nas ruas –, com 11 óbitos.
Referência na atenção às vítimas da doença na região, o Hospital Universitário Clemente de Faria, administrado pela Unimontes, solicitou ao Conselho Municipal de Saúde que seja desligado dessa função, alegando dificuldade em contratar infectologista.
O Conselho Municipal de Saúde alega que, “por ser 100% SUS, hospital-escola e por ter um compromisso social com a população do Norte de Minas”, o hospital não pode deixar de se dedicar a esse tipo de atendimento.
Assim, depois de notificar a Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros em algumas ocasiões, decidiu acionar o Ministério Público, a fim de que o prefeito Humberto Souto seja notificado e contrate cem novos agentes de controle de endemias.
Enfim, é mais um embate que prejudica a saúde, o povo, o cidadão, e, ainda os animais.
Se os administradores públicos deste país tivessem o mínimo compromisso e a mínima preocupação com seus eleitores e com a saúde pública, questões como essa da leishmaniose só deveriam resultar em notícias boas, positivas.
Infelizmente, não é o que ocorre. Há descaso, sim, com a população, abandonada à própria sorte, à mercê do risco de adoecer. E há descaso com os animais, vítimas indefesas do abandono, também, pelo poder público. Há muito se apresenta ao gestor atual a necessidade de se instalar um castramóvel na cidade, proposta sempre ignorada.
Evitar a leishmaniose requer cuidado com os animais abandonados na cidade e respeito com os cidadãos de Montes Claros