Dados trazidos em matéria desta edição, na semana em que se comemora Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, 27 de setembro, causam imensa preocupação, especialmente para os mineiros. Segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o percentual de famílias do Estado que se recusam a doar órgãos de parentes falecidos, classificados como potenciais doadores, atingiu o maior patamar nos últimos sete anos: 60%, ou seis em cada dez, conforme levantamento feito de janeiro a junho deste ano.
O reflexo disso é que o MG Transplantes, responsável por coordenar as doações, registrou queda de 6% nos procedimentos, de janeiro a julho. O balanço é frustrante, já que a expectativa da entidade, em abril, era de ampliar o serviço em 15% neste ano, ante crescimento também significativo, de 13%, em 2017.
Entre os motivos da baixa estão a falta de informação, crenças religiosas que contrariam o bom senso e a ausência de vontade política, já que o Brasil precisa avançar bastante na legislação sobre o tema.
Hoje, para ser doador, não basta ao cidadão expressar tal vontade em vida. Também é necessário que familiares autorizem por escrito a operação. A boa notícia é que tramita no Senado um projeto de Lei que torna automática a doação, bastando para isso o desejo manifesto pelo doador. Enquanto a legislação não muda, resta apelar a todos para que compreendam as doações como um ato de razão, amor e humanidade. As campanhas de conscientização, mostrando inúmeros casos de quem foi salvo ou teve a qualidade de vida melhorada ao receber órgãos, são, por enquanto, o melhor caminho.