A fome é hoje uma cruel realidade em todo o mundo. Antes da pandemia provocada pelo vírus da Covid-19 ela já existia, mas a necessidade do isolamento social e do fechamento de países inteiros, para preservar vidas, fez com que o número de famílias que sofrem de fome aumentasse.
No Brasil, por exemplo, especialistas apontam que a fome já atinge mais da metade dos lares. Se somos 230 milhões de pessoas, são quase 110 milhões de brasileiros que estão vivendo (ou seria sobrevivendo?) com fome.
De acordo com dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, em 2020, 4,3 milhões de brasileiros não tinham como se alimentar. Não é um número insignificante, assim como não é mais possível fechar os olhos para essa dura realidade.
A maior parte destas famílias, vivendo com algum grau de insegurança alimentar, tinha o auxílio emergencial do governo federal e o Bolsa Família como uma espécie de porto seguro para não morrerem de fome.
O Auxílio Emergencial já não existe mais e o Bolsa Família foi extinto. O mais grave de tudo isso é que para ter acesso ao novo programa do governo federal as famílias precisam se inscrever através de um aplicativo. Decisão que beira a crueldade.
As famílias que mais precisam desse suporte, certamente, não têm acesso a internet, a redes sociais... Aliás, nem devem saber que tais tecnologias existem! Essas famílias, então, que estão literalmente morrendo de fome, vão continuar morrendo...
Porque o governo não disponibilizou uma rede de apoio para informar a essas pessoas o que precisam fazer, como fazer e onde fazer para que tenham direito ao alimento de cada dia.
Cuidar da saúde da economia e fazê-la sair do fundo do poço em que anda metida é, sem dúvida, um caminho para devolver inúmeras famílias ao mercado de trabalho e retirá-las da pobreza.
Mas, para as famílias miseráveis, é preciso buscar políticas públicas mais efetivas. Mais do que isso, é preciso dar a elas visibilidade, para que possam ir em busca dos seus direitos. Só com a implantação de políticas sociais capazes de garantir cidadania a todo e qualquer brasileiro, poderemos ser uma nação de verdade.