Epidemia de violência

04/08/2021 às 07:54.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:35

Mesmo tendo a terceira melhor lei do mundo para defender as mulheres da violência doméstica, os índices de crimes cometidos contra o gênero feminino no Brasil são assustadores e ultrajantes, quando se pensa na capacidade que a lei permite de ser burlada e, mais ainda, na impunidade que acaba por permitir o feminicídio.

A chegada da Covid-19 ao país fez os índices crescerem e levou as mulheres a viverem uma dupla pandemia. Para tentar diminuir os números que têm trazido a violência para as manchetes policiais todos os dias e garantir uma segurança mais efetiva para as brasileiras, está em curso a campanha Agosto Lilás.

Muito mais do que apresentar esses números e conscientizar a sociedade sobre a epidemia que se instalou no país, a campanha quer educar os homens, quer dar a eles a oportunidade de entenderem seus comportamentos, se tratarem. Leis como a Maria da Penha e a mais recente, Lei do Feminicídio, são sem dúvida um avanço na legislação, mas um avanço que não tem impedido a violência e os crimes de acontecerem. Talvez porque faltam nessas leis o educar. 

Portanto, enquanto o sistema de educação for deficitário, sofrer de falta de estrutura, enquanto a prioridade no orçamento do nosso país for a destinação de recursos para Fundos Partidários e não verbas para se investir na educação do cidadão, essa epidemia não será controlada, esses números não serão revertidos, apesar das muitas campanhas.

Enquanto essa consciência não existir, mulheres permanecerão morrendo, vítimas não apenas de seus algozes, mas de uma sociedade que tem valores distorcidos. Podem ser promulgadas outras muitas leis Maria da Penha, mas se a cultura do povo brasileiro permanecer a mesma, os números também permanecerão...

Educar o cidadão é, sem dúvida, a forma mais eficaz de se modificar conceitos estratificados, de se quebrar paradigmas negativos. Enquanto esse momento não chega para o Brasil, é preciso dar aos violadores punições severas, impedindo que a cultura da impunidade seja catalisador para novas práticas de violência, que continuarão alimentando esses índices repulsivos e, o mais grave, matando nossas mulheres.

Leis como a Maria da Penha e do Feminicídio são, sem dúvida, um avanço na legislação, mas não têm impedido a violência
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