Endemia cultural

21/07/2021 às 07:10.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:28

Em meio ao caos em que a Covid-19 transformou a vida, as mulheres vêm vivendo uma dupla pandemia. Os índices de violência doméstica, de feminicídio e outras tantas formas de violência contra a mulher tem atingido níveis jamais imaginados em pleno século 21. Quando se esperava uma sociedade mais madura e menos machista, o que se vê são mulheres sendo mortas por motivos que vão muito além do fútil.

O isolamento social, dizem, é um dos principais fatores que levaram ao aumento da violência, já que colocaram as famílias por longo período confinadas em casa, além da perda de emprego, da perda do poder aquisitivo. 

Se a violência aumentou assustadoramente, o número de denúncias caiu drasticamente, já que o isolamento social fez com que as mulheres perdessem sua rede de relacionamento social profissional e até mesmo familiar. Essa rede que, atenta, é que poderia não apenas protegê-la, mas, sobretudo, apoiá-la e fazê-la enxergar melhor a situação. 

Diante dos números apresentados por incontáveis organizações não governamentais e mesmo por instituições públicas que dão suporte às mulheres vítimas de violência, a fragilidade da Lei Maria da Penha, das medidas protetivas e até mesmo da recente Lei do Feminicídio fica explícita. 

Nenhuma delas tem sido suficientemente eficaz para barrar o horror da violência doméstica contra as mulheres. As leis trouxeram inúmeros avanços, é fato, mas ainda são ineficazes e cheias de brechas, que são muito bem utilizadas pelos agressores e permitem a impunidade.

Isso demonstra que apenas a criação de leis não é suficiente para garantir a conscientização da sociedade, principalmente quando se trata de questões que estão culturalmente entranhadas no cerne da sociedade. Para transformar a realidade, é preciso ir além, é preciso educar o cidadão, é preciso dar aos violadores punições severas aliadas a tratamentos que os permitam mudar o comportamento, que os façam enxergar os erros, para que, conscientes, não reiterem a ação. 

Enquanto a sociedade não se conscientizar de que a mudança começa ainda na infância, que passa pelos bancos da escola, continuaremos a ver mulheres sendo mortas, espancadas, continuaremos alimentando esses índices repulsivos.

A fragilidade da Lei Maria da Penha, das medidas protetivas e até mesmo da recente Lei do Feminicídio fica explícita
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