Desumanidade atroz

27/02/2021 às 00:16.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:16

A notícia de que uma família foi encontrada em situação de escravidão em uma fazenda de Minas Novas, em Minas Gerais, nos faz pensar em desistir da humanidade. O que nos faz repensar essa ideia, é o fato de que quem comete esse ato tão brutal contra uma família inteira não pode, em hipótese alguma, ser chamado de humano. 

Tamanha atrocidade, inimaginável nos tempos contemporâneos em que vivemos, na era da comunicação digital, das vidas expostas em redes sociais, é um tapa na cara da sociedade. Como pode o dono dessa fazenda manter pai, mãe, filhos por mais de ano em uma situação totalmente degradante, sem que ninguém se apercebesse disso? Sem comida, sem uma moradia digna, sem direito a nada, eles sofreram por mais de 365 dias os horrores de uma vida de privações...

Talvez a sensação da impunidade, que se perpetua no Brasil, faça com que casos e homens como esses ainda sejam possíveis. 

Resta-nos agora acreditar que o senso de justiça, ao menos neste caso, seja mais forte do que o dinheiro que esse fazendeiro possa ter, mais forte do que seus amigos influentes e mais forte do que os muitos e bons advogados que ele contratará para se defender ou a alegação de demência que ele certamente apresentará à Justiça.

Problemas mentais certamente ele não tem, mas problema de falta de humanidade sobra ante a falta de sentimento, de empatia. Crimes hediondos como esse deveriam ser punidos não apenas com a prisão por anos infindáveis, mas também com a tomada de todos os bens de quem o praticou, seja uma fazenda, uma casa, uma indústria têxtil, para que o praticante possa sentir, minimamente, as dores que causou no outro.

Já para essa família ou qualquer outra encontrada em situação semelhante, espera-se que o Estado as acolha e possa garantir-lhes condições dignas para que retornem à vida e para que possam novamente ou, pela primeira vez, confiar na humanidade e acreditar que existe um mundo bom além das fronteiras daquela fazenda de horrores. 

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