Falta oxigênio nos hospitais de Manaus, gritam as manchetes de jornais. São inúmeros brasileiros perecendo por asfixia bem ao lado da Floresta Amazônica, o pulmão do mundo. Tristeza, desolação e, sobretudo, revolta. Em um país com uma das mais altas taxas de impostos do mundo, o dinheiro suado do trabalhador nunca chega onde deveria, nunca é investido onde existe uma necessidade premente.
Se agora chegamos ao extremo de ter pessoas morrendo por falta de oxigênio, a saúde já está desoxigenada anos a fio. A sensação que se tem é que o SUS (Sistema Único de Saúde) nasceu e foi direto para a UTI neonatal, de onde jamais recebeu alta. Junto com o SUS, agonizam os brasileiros que não podem pagar um plano de saúde, médicos, exames, internações particulares, hospitais com equipamentos de última geração.
Não é necessário ir quase ao Oiapoque para constatar a agonia da saúde. Em Montes Claros, berço do SUS, doentes “internados” nos corredores dos hospitais escancaram a decadência, ou melhor, o desrespeito vigente no sistema público de saúde com o cidadão.
Ali também, embora não falte, ainda, oxigênio, as pessoas morrem, diariamente, por falta de assistência, de leitos, de medicamentos e até de médicos. Os recursos para se investir na saúde e dar dignidade ao cidadão em um dos seus momentos mais frágeis na vida, ninguém viu, ninguém diz onde está.
A Câmara dos Vereadores tem autorizado, principalmente neste momento de pandemia, a liberação de mais e mais recursos para que o Executivo use na saúde. E, mesmo com o Executivo alardeando pelos quatro cantos que possui um caixa abarrotado de dinheiro, a saúde permanece desoxigenada, na UTI... Enquanto isso, o Executivo se nega a prestar contas de onde colocou esses recursos, de como foram gastos...
Condoermo-nos com a situação do Amazonas, é preciso, para que situações como esta não se tornem normais, banais. Mas é preciso termos consciência de que são muitos Amazonas por esse Brasil afora e, por isso, é necessário deixar a inércia, a quase petrificação em que vivemos, para ir em busca dos nossos direitos. Só assim, a saúde sairá da UTI.