A ideia de que a Covid-19 é agressiva e letal somente em idosos tem se mostrado ilusão. Cada vez mais jovens são infectados, não resistem e acabam, infelizmente, se transformando em número na estatística que contabiliza as mortes pelo vírus. Se antes o comum era termos, em nosso círculo de relacionamento, idosos contaminados, o passo seguinte foi contabilizar idosos que perderam a guerra e, agora, são os jovens do nosso círculo social que se contaminam, são internados e não voltam mais para casa.
Credita-se o fato não apenas à mutação constante do vírus e suas novas e variadas “cepas”, mas, sobretudo, à inconsequência dos jovens, que por sofrerem de uma espécie de síndrome de super-heróis, acreditam que não precisam seguir as regras sanitárias que evitam a disseminação da Covid-19.
Além de se contaminarem, acabam contaminando as pessoas mais próximas e alimentando as estatísticas. A consequência de toda essa irresponsabilidade é um dos fatores que tem provocado o momento mais sombrio no Brasil desde que a pandemia atracou por aqui, com hospitais mais e mais sem condições de atender a demanda que se apresenta.
Mas se engana quem pensa que a crise atual é fruto apenas da irresponsabilidade e da inconsequência da juventude. Todos temos culpa. Não apenas o governante que desmontou o hospital de campanha com a guerra ainda em curso ou aqueles que não investiram na estruturação adequada do sistema público de saúde, mas cada um de nós, que todo dia relaxa um pouquinho mais nos cuidados essenciais para manter o vírus a distância. É o uso da máscara que deixou de ser constante, ou o uso do álcool que não é mais imprescindível ou, ainda, o isolamento social que passou de rigoroso a relativo.
Portanto, neste momento, em que na estatística começam a aparecer pessoas queridas, pessoas próximas e não mais o amigo do amigo do amigo, urge que cada um tome para si a responsabilidade de se cuidar e, por consequência, cuidar dos mais próximos, mas principalmente, faz-se urgente e importante uma consciência coletiva de que só quando formos um todo de verdade, quando a coletividade vier em primeiro lugar, é que estaremos em condições de combater esse vírus de igual para igual. Sem isso, continuaremos contabilizando mortos e preenchendo estatísticas.