“Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação”. Como na poesia de Drummond, chegou o tempo de renovar a fé e a esperança em dias melhores. Fim de ano é sempre sinônimo de abraços, encontros, recomeços.
Mas, desde 2020, como diria Drummond, temos uma pedra no caminho: a Covid-19. Quando a humanidade se prepara para cair de novo uns nos abraços dos outros, sem proteção, com riso rolando solto e uma vontade imensa de escrever uma história mais leve em 2022, a pedra surge novamente, sob o nome de ômicron.
A nova variante, que como as outras recebeu o nome de uma letra do alfabeto grego, chega pra provocar novo enclausuramento, para dispersar confraternizações, celebrações... para cancelar abraços.
Novamente, os corações se entristecem, o riso se cala e de novo Drummond nos diz: “E agora José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu....”. Esse é, literalmente, o efeito ômicron.
Quem se preparava para voos mais longos, como visitas a outros países, encontra portas, portos e aeroportos fechados. Passaporte para a nova variante Covid-19, o ir e vir volta a ser uma contravenção que provoca muito mais do que multa e privação de liberdade, pode causar a morte.
Desiludida e desesperançada, para não dizer despedaçada, a humanidade busca nas vacinas, na imunização, a solução para poder novamente celebrar, confraternizar como se não houvesse perigo de, em abraço, matar quem aquece o coração.
Já não é mais possível se reinventar, se customizar... Vinte e quatro meses, mais do que os 12 de Drummond, deixaram a humanidade exaurida, de alma cansada, de espírito desmotivado. Por isso, o encontro com o outro se tornou tão importante.
E há que se encontrar uma saída para que os encontros voltem a ser permitidos. Esse é o grande desafio do momento. Afinal, todos querem, como bem retratou Drummond, “...ganhar belíssimo Ano Novo, cor do arco-íris, ou da cor da sua paz. Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido...”.
Porque confraternizar é preciso...