Uma das mais cruéis formas de violência é, sem dúvida, o assédio, quer seja moral quer seja sexual. Na maioria das vezes, essas situações são uma queda de braço injusta entre o mais forte e o mais fraco.
O mais grave nesses casos é que, não raras vezes, o assediador – por ter mais poder do que o assediado – acaba saindo ileso da situação, enquanto o assediado sofre sanções. Fragilizado, não apenas pela falta de poder, mas sobretudo pelo caos que a situação provoca psicologicamente ou fisicamente, acaba duplamente penalizado.
Prova disso são as denúncias de funcionárias da MCTrans em Montes Claros. Órgão que tem por função gerenciar o trânsito na cidade, virou “casa de horrores” para inúmeras servidoras que por ali passaram.
O assediador, que tem sido alvo de denúncias constantes sobre os seus desmandos no órgão, vem se mantendo intocável, impune, em uma demonstração de que a administração pode ser muitas vezes conivente e alheia aos erros dos amigos.
Mas, sem dúvida, a publicização das denúncias demonstra que a sociedade já não enxerga mais como “natural” tais situações. Os assédios não são mais tolerados como outrora e os assediados não suportam mais calados tamanha violência. E é preciso mesmo que não se calem, para que tais situações sejam cada vez menos recorrentes. Mais do que isso, é preciso que o assediador seja punido com rigor.
Lembrando que as denúncias vão além do assédio sexual pelo diretor da MCTrans. São também de irregularidades administrativas, como o perdão de multas de infração de trânsito a amigos. Sinal de que o órgão há muito extrapolou seu papel administrativo e se tornou ferramenta de benesses para alguns – uma minoria, claro.
Resta agora saber se a administração vai ter olhos, ouvidos e senso de justiça para enxergar fatos que acontecem embaixo do seu nariz ou se, mais uma vez, vai varrer tão grande sujeira para debaixo do tapete.