Cinara Dreide
Repórter
cinara@onorte.net
A fundação Sara de Montes Claros foi criada a partir de uma campanha realizada para arrecadar dinheiro para a menina Sara, que era portadora de câncer. Através da campanha, seus pais utilizaram uma parte do dinheiro para a fundação, pois infelizmente Sara não resistiu e faleceu antes de concluir o tratamento.
Sara morreu em novembro de 1998, tinha seis anos e, durante o tratamento, seus pais passaram por inúmeras dificuldades, tanto financeiras quanto emocionais. Em 1999, os pais de Sara doaram o restante do dinheiro para criar a fundação, onde são abrigadas pessoas que não têm condições financeiras para tratamento.
VOLUNTÁRIOS
Hoje, a fundação tem mais de 230 pessoas portadoras de câncer cadastradas do Norte e Sul de Minas e, conta com a ajuda de voluntários e doações para as famílias carentes.
Yara Veloso, responsável pela fundação Sara, conta que a entidade funciona como se fosse um hotelzinho.
- Aqui damos alimentação, transporte e abrigo. As pessoas que chegam aqui têm que estar acompanhadas por algum parente, então, temos que alimentar a todos e, por isso, recebemos doações de alimentos para que as famílias continuem dando uma boa alimentação com as cestas básicas que distribuímos e também é uma complementação para o tratamento - diz Yara.
A fundação recebe pessoas não só portadoras de câncer, mas também de doenças hematológicas. Segundo Yara, as iniciativas individuais de voluntários, os anseios coletivos das comunidades, as experiências que dão certo representam a união de esforços com um fim específico de cura das crianças e adolescentes que ali abrigam.
MAIORES CHANCES
Há mais de 10 anos, os portadores de câncer tinham 35% de chance de vencer a doença. Hoje, esse índice chega a 70% nos casos diagnosticados precocemente e tratados adequadamente.
Na fundação, há profissionais nas áreas de psicologia, auxiliar de enfermagem, dentistas, médicos, assistentes sociais (todos voluntários) e aproximadamente 50 voluntários atuantes cadastrados.
- O nutricionista é muito importante para nós porque nos auxilia na alimentação dos pacientes, nos fornecendo uma alimentação correta e também a higienização bucal, que são dois fatores importantes para a doença - afirma Yara.
Angélica dos Santos, mãe de uma das adolescentes, mora em São João do Paraíso.
- O que seria de mim sem a fundação Sara para ajudar minha filha nesse momento tão difícil?
AVAPC
Além da Fundação Sara, a cidade também conta com o apoio da AVAPC - Associação de voluntários no apoio ao paciente com câncer que está funcionando há mais de um ano. A unidade, uma casa de apoio aos doentes de câncer, poderá se transformar em um abrigo que atualmente funciona no centro da cidade, das 07 às 17 horas. Seu principal objetivo é ajudar os pacientes carentes em tratamento de quimioterapia e radioterapia nos hospitais de Montes Claros.
De acordo com Margareth Almeida Souza, uma das fundadoras da AVAPC, a associação também atuará no apoio moral às famílias e em campanhas de conscientização da importância do diagnóstico precoce e do conhecimento a respeito dos direitos dos portadores de câncer.
ENCAMINHAMENTO
Segundo a vice-presidente da associação, Maria Elbe Gomes, a entidade atende aos pacientes que não estão cadastrados na Fundação Sara. Ainda segundo ela, somente os pacientes com encaminhamento do hospital são atendidos pela associação.
- Atendemos ainda pessoas com câncer e doenças hematológicas - doenças do sangue. Acompanhamos todos os pacientes que forem encaminhados pelo hospital São Lucas e Santa Casa, pois são os únicos hospitais que atendem pacientes com estas doenças - diz Maria Elbe.
A associação de voluntários no apoio ao paciente com câncer é composta por 12 pessoas. Margareth Almeida explica que, para ser voluntário só é preciso boa vontade, carinho e preparo psicológico.
Ela também falou sobre a precariedade da saúde pública em meio a depoimentos de pacientes que têm inúmeras dificuldades para conseguir consultas e exames para o tratamento necessário.
Antônio Gomes Evangelista, 59 anos está em estágio crítico da doença e sua esposa pede a colaboração da população.
- Estamos pedindo pelo menos uma cadeira de rodas para que ele possa se locomover - diz.
As pessoas que quiserem colaborar com a associação doando cadeiras de rodas, alimentos, roupas, perucas, agasalhos, sondas para alimentação, remédios, fraldas para adultos podem participar da reunião dos voluntários que acontece nas terças-feiras às 18 horas.