Sobre o desejo de vencer sempre

Wendell Lessa
wendell_lessa@yahoo.com.br
14/10/2021 às 00:18.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:03

Vencer está em nossa natureza – caída, é verdade, mas está. Não gostamos de perder. Há quem dispute uma batata frita no Burguer King como algo absurdamente relevante para sua vida. Já vi irmãos brigando por causa disso. Um querendo a batata do outro. Imagine isso. Mas é assim mesmo. A briga pela batatinha é apenas uma parábola dos conflitos futuros mais intensos. 

Investimos muito de nossas energias para vencermos nossas lutas diárias. Há quem invista dinheiro – porque não quer perder. Há quem invista relacionamentos – prefere perder o convívio de pessoas para não perder dinheiro. Há quem não queria perder sua imagem, por isso mente na tentativa de construir uma ilusão de si mesmo para as pessoas – as redes sociais estão repletas desse fenômeno: gente que é perfeitinha apenas nas fotografias. Não queremos perder as discussões, os argumentos, a aceitação de pessoas. Às vezes até lavamos nossas mãos, como Pilatos, para não nos envolvermos com as intrigas alheias – e nos esquecemos de que calar é dizer. O silêncio fala. E às vezes fala alto. 

O ponto é que queremos sempre ganhar. Perder jamais. Mas no fundo há uma ilusão nisso. Perdemos sempre que desejamos ganhar sempre algo que não se deve ganhar. Jesus disse que para ganhar temos de perder: “Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Marcos 8.36). Quando Paulo escreveu aos romanos dizendo que “em todas essas coisas somos mais que vencedores” (Romanos 8.37), ele estava se referindo às ameaças de perdermos nosso relacionamento com Deus. Não são poucas as ameaças. Existem acusações contra os filhos de Deus, tribulações, muitas angústias, às vezes privações financeiras que geram fome, nudez; há perigos de criminosos com armas (espadas); existe a ação do próprio inimigo de nossas almas, o diabo, que nos tenta e pretende nos anular em relação ao Senhor. 

São muitas as adversidades. Paulo, entretanto, usa o argumento mais perfeito de todos e que constrói a base singular para o evangelho: Deus é que nos sustenta e preserva, e demonstrou esse amor realizando uma obra impensável: entregou seu próprio Filho para morrer por estes a quem ele amou: “Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Rm 8.32). Observe que o argumento paulino é infalível: quem entrega o próprio Filho não permitirá que o eleito se perca. 

Por essas razões, aquele a quem Deus escolhe é sempre vencedor. Não por seu próprio esforço ou mérito, mas pela preservação divina. O Senhor se compromete consigo mesmo a manter o seu povo no caminho. Nenhum se perderá. Ainda que sejamos entregues à morte todos os dias (Rm 8.36), nada poderá nos separar do amor de Cristo, nosso Senhor. Essa é a esperança e certeza de que, ainda que passemos pelo vale da sombra da morte, Cristo estará conosco sempre. Ele nunca nos desamparará. Nunca nos deixará. Se ele é por nós, jamais perderemos nossas batalhas. Tudo pelo que passarmos será em cumprimento à vontade de Deus para nós. Sempre venceremos!

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