Roer osso, nem em sonho!

Mara Narciso - Médica e jornalista
11/06/2019 às 08:33.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:03

No dia 18 de maio, perto das 11h, Frida buscou ajuda assim que manifestou uma reação esquisita, feito um entalo, levando-me a enfiar o dedo em sua garganta. Não consegui nada. Ela chorava agoniada, e persistia como se estivesse engasgada, querendo se livrar de algo em sua boca. Cheguei a colocá-la de cabeça para baixo. Devido à aflição reinante, a levamos a VetWilson, que nos tem solucionado problemas de risco de vida das nossas cachorrinhas. Era urgente, pois Frida manifestava dor. Havia algo dentro da sua boca, mas não era possível vê-lo. Então, o veterinário Wilson de Lima a sedou, intervenção que a deixou esquisita, com as pupilas dilatadas, língua seca e para fora e pernas descoordenadas. Com a cachorrinha relaxada, foi possível ver toda a sua cavidade oral, e lá estava o motivo do sofrimento: uma bolha na parte lateral da língua, com jeito de queimadura. Algum inseto desconhecido a picou, quando ela tentou capturá-lo, o que lhe causou dor, alergia e loucura para se ver livre do desconforto. Foi-lhe dado analgésico e antialérgico. Ficou em observação, e, no dia seguinte, já conseguiu se alimentar.

No dia 3 de junho, perto das 20h, Frida se escondeu debaixo da cama de Fernando, meu filho, que observou um movimento estranho. Reparou que ela estava salivando de forma exagerada, querendo tirar algo de dentro da boca. Achamos ser outro suposto inseto, pois ela brincava no jardim, e, lá mesmo, no dia 15 de maio, Pagu fora picada, possivelmente por uma formiga, e teve seu rosto deformado pelo grande e imediato inchaço. Melhorou com uma injeção de corticoide e observação na Pet Shop.

Fernando e eu achamos que desta vez seria mais um inseto na boca de Frida. Tratamos com Nenêdent, que é anestésico, dipirona e prednisona. Agarrada comigo, sobre meu braço, chegou a relaxar e cochilar, mas acordou ainda mais desesperada, salivando com maior abundância, passando as patinhas com força nas bordas do focinho, a ponto de se ferir. Pela dramaticidade do momento, foi-lhe aplicada nova dose do anestésico local, instante em que vi uma coisa clara no céu da sua boca. Enfiei o dedo focinho adentro e senti um osso atravessado e preso no palato, então decidimos levá-la ao veterinário. Wilson e sua esposa Rosita chegaram ao local junto conosco, como de costume. Sabendo do acontecido, Wilson agarrou-se com Frida, correu com ela para dentro da clínica, e depois de pesá-la, colocou-a sobre a mesa e com os dedos dentro da sua boca, após duas tentativas, retirou um osso. Machucou-a um pouco na retirada, mas foi tão rápido, que o alívio veio de imediato.

O veterinário alertou quanto ao perigo de se oferecer osso ao cão, inclusive aquele de mentira, devido à grande chance de o animal engasgar e vir a morrer. Mesmo que o bichinho implore, e o osso seja duro, como foi o caso, um pedaço de costela de porco, não dar nada disso em hipótese nenhuma, pois pode causar lesões nas vísceras do animal.

Sorte nossa conhecermos Wilson de Lima, veterinário experiente, confiante, habilidoso e vocacionado para tratar de animais pequenos. Portanto, fiquem atentos aos conselhos dele: dar osso para cachorro é “osso”, sendo perigoso, e muitas vezes fatal.

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