Psicologia canina

Mara Narciso - Médica e jornalismo
12/02/2019 às 06:38.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:30

Observar o comportamento do cão dá uma ideia do modo canino de ser. Pelo convívio, o animal se sente humano. Age, come e dorme como seu dono e o sonho dele é passar a noite na cama de quem lhe oferece comida e cuidados.

Não se iluda; não é o dono que escolhe o cão, é o cão que escolhe o dono. O animalzinho modifica o andamento da casa e o humor dos moradores. Dá trabalho quando é filhote, pois a curiosidade o leva a morder tudo desde móveis, tapetes, objetos, até quem cuida dele, mas em poucos meses a paz volta a reinar.

Vídeos mostram comportamentos robotizados de cães após treinos. Pode-se achar engraçado, mas, por trás daquele desempenho há prêmios e castigos do treinador, inclusive com possíveis maus tratos.

As execuções encantam quem os vê em vídeos ou no picadeiro. Um vídeo mostrou um poodle sobre dois pés num tamborete de piano, olhando a partitura, solfejando e tocando o instrumento, em tudo, igual a um pianista.

A festa do cachorro, a cada volta do dono, com o rabo balançando e agitação geral, compensa o trabalho de quem lhe dá amor. O cão se esquece que ficou sozinho. A tristeza da partida acontece porque parece o fim de tudo, não conseguindo imaginar o regresso. Acredita que o dono não voltará. Quando já vivenciou afastamentos longos, tem motivo para pensar assim.

Quer ficar o máximo de tempo junto ao dono. Caso ele esteja trabalhando, aproxima-se. Acompanha o andamento da casa, observando a partir de um local estratégico onde possa ver tudo o que acontece. Quando possível, dorme ao lado do dono, até na mesma cama, e acostuma-se a dormir o mesmo tempo. O convívio é estreito, e até fisicamente podem se tornar parecidos. Aprende o significado das palavras, e para que o entendimento seja maior, deve-se procurar dirigir-se ao cão com as mesmas palavras de ordem, com frases curtas. Para ser obedecido, é preciso premiar ou falar firme, repreendendo quando necessário, mas com coerência e equidade.

Caso haja movimentação de o dono sair, o cachorro fica inquieto, late, quer ir junto. Adora passear, seja de carro ou caminhar com a guia. Demonstra vários sentimentos humanos, inclusive ciúme, e quando esquecido faz tudo para chamar a atenção.

Viajar é um problema, e como o cão tem dependência do dono ou pelo menos da presença humana, é preciso montar um esquema para que o animal não fique só. Pode ficar em hotelzinho, casa de amigos ou alguém ficar na casa com ele. Com a mudança da rotina (cães adoram rotina), muda de humor, se entristece, quase não come e até o sono se altera.

Quando o dono chega da viagem, há festa exagerada, mas pode haver estranhamento inicial, num desconhecimento constrangedor. Fica acabrunhado, desconfiado. Alguns demoram dias para voltar ao normal, podendo não fazê-lo, adquirindo um novo modo de se comportar. Pode não dar folga, grudando no pé do dono. Ou ficar mais atento, cobrar muito, exigir mais atenção, tendo recaídas infantis com retorno de choramingos, roeção de sapatos, tapetes e destruição de objetos. Melhor é tê-lo por perto, entendendo que a insegurança é fruto do aparente abandono sofrido durante a viagem e do amor e fidelidade caninos que devota incondicionalmente.

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