Planeta água

Mara Narciso - Médica e jornalista
O Norte - Montes Claros
28/01/2020 às 09:12.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:27

Tenho um filho e não imagino a vida sem ser mãe. Como nado (mal) desde os 7 anos de idade, também não entendo a vida sem nadar. Passava as tardes dentro da piscina semiolímpica da Praça de Esportes, o Montes Claros Tênis Clube, após a aula de natação com o professor Sabu – José Francisco de Oliveira. Ainda hoje, o cheiro de cloro me leva às dependências da praça, ao tablado de madeira sobre água no piso do vestiário, o lava-pés na entrada da piscina, a chuveirada, tristeza ao achar a piscina em manutenção e as baratas d’água. A água era tratada, porém esverdeada e fria. Tinha um alto trampolim, só para corajosos.

As aulas constavam de aquecimento e ginástica à beira da piscina, com simulação de bater braços e respiração, depois os exercícios eram feitos com as crianças agarradas à borda da piscina, depois “bater tábua”, indo e vindo. Após três meses de aulas diárias de natação – meninas três e meninos quatro da tarde, Sabu mandou que largássemos as pranchas de madeira e nadássemos. Todos foram dar suas braçadas e bater pernas, e eu, com medo, não pulei na água. Assim, a primeira vez em que nadei foi como todos os meus desafios: necessária uma dose extra de persuasão. Sabu me pegou com jeito – eu aceitei -, e me jogou no meio da piscina. Foi quando saí nadando.

Íamos ao Clube Lagoa da Barra aos sábados. Era novo e ainda sem sede, apenas a lagoa coalhada de piranhas e a piscina. As crianças não saíam dela, que não tinha azulejo nem escada. No Pentáurea Clube íamos aos domingos, bem cedo. As duas piscinas eram de água corrente, escura e turva, o que me causava temor de ter bicho nelas. A grande era menos profunda que a da Praça de Esportes. Tempos depois fizeram um escorregador, que cortava os joelhos, pois os azulejos soltavam os cantos.

Festa das águas era no Max-min. Foi a piscina onde mais mergulhei. Era pouco funda, de água azul, límpida e transparente e eu pulava de ponta de um lado e saía do outro. Tentava os quatro nados, mas o que gostava mesmo era de mergulhar, até os dedos enrugarem.

As águas quase diárias marcaram minha vida entre os 7 e os 17 anos, também na casa da querida Tia Ninha e sua piscina oval, onde encontrávamos a meninada da família para mergulhos e lanches.

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