Vivemos uma época de contrastes nos hábitos de vida. É crescente o número de pessoas que transformam totalmente sua alimentação, exercitam-se mais regularmente e cortam ou reduzem bastante o consumo de álcool. Dietas low carb, novos tipos de treinos nas academias, procura por alimentos orgânicos; temos a impressão de que vivemos em uma sociedade cada vez preocupada com a saúde e imune aos problemas causados pelo excesso de peso. Entretanto, algumas pesquisas parecem demonstrar justamente o contrário.
Segundo um estudo realizado pela instituição britânica Cancer Research UK, os jovens de hoje serão mais obesos que os seus pais. A pesquisa estima que 70% dos ingleses nascidos entre o começo dos anos 1980 e meados dos anos 1990 – a chamada geração Y – vão se tornar obesos em algum momento, entre os 35 e 44 anos de idade. A estatística da geração anterior, batizada de baby boomers, era na casa dos 50%.
Se no Reino Unido as expectativas não são boas, no Brasil não é muito melhor. Dados alarmantes do Ministério da Saúde mostram que o número de obesos no país quase dobrou em um período de 20 anos, passando de 11,8%, em 2006, para 18,9%, em 2016.
De acordo com o ministério, 51% da população brasileira estão acima do peso e, desse total, 54% são homens, e 48% são mulheres. Os dados são preocupantes, uma vez que o excesso de peso corporal compromete as funções hormonais, podendo diminuir as chances de reprodução natural em homens e mulheres.
Nas pessoas do sexo feminino, os ciclos menstruais podem se tornar irregulares, associados à disfunção ovulatória. Mulheres obesas também tendem a apresentar maior chance de aborto e complicações na gravidez.
Nos homens, já está comprovada uma ligação entre a obesidade e a infertilidade.
Caso seja constatado, após avaliações médicas, o problema da infertilidade em razão do excesso de peso, o mais recomendado é que o paciente busque hábitos de vida saudáveis para que seu corpo recupere a capacidade reprodutiva.
Além disso, o peso saudável vai contribuir também para diminuir os riscos de complicações na gestação, como diabetes e hipertensão, que são causados pelo sobrepeso. Mesmo que haja a necessidade do emprego de técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro, elas devem estar associadas à mudança do estilo de vida e o ideal é que sejam realizadas quando a paciente já tiver alcançado seu peso normal.
Em tempos de redes sociais, exposição e selfies, é muito comum cair na armadilha das dietas extremamente restritivas ou a cobrança por frequentar a academia todos os dias. Entretanto, o caminho contra o excesso de peso e a infertilidade deve ser de práticas personalizadas e que realmente funcionem no longo prazo.
Trocar o elevador pela escada, sempre que possível, e substituir processados por alimentos mais saudáveis podem ser um bom começo.