O problema dos maus hábitos

Carlos Eduardo Souza de Miranda*
17/07/2019 às 06:16.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:34

A hipertensão arterial, popularmente conhecida como “pressão alta”, é uma condição clínica caracterizada por elevação sustentada dos níveis pressóricos. Sua prevalência varia de acordo com a população estudada e com o método de avaliação. Estima-se que no Brasil ela acometa mais de 30 milhões de indivíduos adultos, sendo que mais da metade dos idosos podem apresentar hipertensão.

A importância do diagnóstico e do tratamento adequados baseia-se no fato de que, direta ou indiretamente, quando não tratada corretamente, ela pode contribuir para até metade das mortes por doenças cardiovasculares, dentre as quais destacamos o infarto do miocárdio e o acidente vascular cerebral, popularmente chamado “derrame”.

A hipertensão pode ainda ser responsável pelo desenvolvimento de insuficiência renal. Apesar desses dados, estudos demonstram que as taxas de conhecimento, tratamento e controle adequados são variáveis, havendo tendência de que menos de um terço dos hipertensos apresentem controle adequado da pressão arterial.

Dentre os fatores de risco para desenvolvimento de hipertensão, há vários que estão relacionados aos hábitos de vida. Entre estes, chamamos a atenção para o consumo excessivo de sal, que representa um dos principais fatores. Dados de pesquisa realizada no Brasil demonstram que o consumo domiciliar diário de sal excede em duas vezes o recomendado. Outro hábito que representa importante fator de risco, aumentando os níveis pressóricos de maneira consistente, é o consumo crônico e em grandes quantidades de bebidas alcoólicas.

O sedentarismo e a obesidade também podem contribuir para a elevação da pressão arterial. Há ainda fatores que não relacionados ao estilo de vida, como a idade e a etnia. Em relação à idade, há uma associação direta entre envelhecimento e aumento da prevalência de hipertensão. Quanto à etnia, estudos demonstram uma maior prevalência em negros. Além disso, os indivíduos cujos pais são hipertensos também apresentam uma maior chance de desenvolver hipertensão.

Para prevenção do desenvolvimento e tratamento adequado da hipertensão, além do diagnóstico precoce, é fundamental a mudança no estilo de vida. Assim, a redução do consumo de sal, de bebida alcoólica, o controle do peso e a prática regular de exercícios físicos devem ser sempre estimulados. Nos casos em que essas medidas forem insuficientes, deve-se associar o uso de medicamentos, após orientação médica. A automedicação não deve ser realizada em nenhuma circunstância, já que pode ser fatal.

*Presidente da Sociedade Mineira de Cardiologia

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