O mago da produtividade

Leila Silveira e Délcio Fortes
Hoje em Dia - Belo Horizonte
16/09/2017 às 00:19.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:36

“Uma forma de ver é uma forma de não ver!”. Foi assim que o Mestre concluiu a aula sobre metáforas aos seus iniciados, naquela tarde morna de primavera, antes de deixá-los pensativos.

Estamos muito acostumados a utilizar metáforas como figuras literárias, como meros artifícios para embelezar nossas prosas e versos...

As metáforas, no entanto são poderosas, contundentes, cheias de significado, podendo ser letais, se utilizadas indevidamente.

Sempre usamos uma metáfora quando queremos expressar nosso modo particular de enxergar uma experiência, um fenômeno, um relacionamento, o mundo em geral...

Ela é rica para ressaltar nossas descobertas sobre determinados aspectos da realidade que valorizamos, para entender e desenvolver perspectivas novas sobre um determinado assunto ou aprendermos a desenvolver novas formas diferentes de pensar.

Sua limitação reside exatamente do fato de que ao utilizá-la, temos a tendência de enxergar o que queremos ver de forma unilateral, ampliando certos aspectos específicos que valorizamos muito, mas deixando de lado outras interpretações que não percebemos, compreendemos ou ignoramos...

“O perigo da metáfora está na sua generalização”! Ainda se ouviu ao longe as últimas palavras do Mestre, antes de sumir no horizonte...

Os grandes líderes carismáticos, os grandes mestres espirituais, os grandes cientistas, os grandes conquistadores e também os grandes ditadores sempre se utilizaram das metáforas para transmitir seus pensamentos e para amplificar seus ensinamentos e mensagens.

Hitler usou e abusou de metáforas para unir o povo alemão na sua louca aventura de conquistar pelas armas a hegemonia mundial, mas só conseguiu seu intento ao eleger internamente os judeus como o inimigo nº1 a ser eliminado, criando o estereótipo do mal, do corrupto, do ganancioso, do “judas a ser malhado até a morte”!
Toda ideologia, toda teoria é uma interpretação da realidade sobre algum de seus aspectos... A metáfora nos ajuda a fazer esta “leitura” de forma mais palatável, mais compreensível, mais colorida, porém tem o poder de colar em nossa mente um ponto de vista único, em detrimento de reflexões rivais e discordantes da nossa...

Usamos uma metáfora para propor imagens que representam melhor um aspecto significativo de nossa vivência em relação a outro...

Ao classificarmos alguém como uma “raposa”, estamos destacando sua esperteza e sagacidade, mas ocultando outras possíveis qualidades ou habilidades opostas que possa possuir e que não conseguimos enxergar com nossa forma unilateral de ler suas diferentes características.

Aprender a utilizar a metáfora pode sim nos ajudar a compreender melhor a lógica do mundo, das relações, dos governos e das organizações à nossa volta...

Quanto maior nossa capacidade de ler e compreender a realidade através de diferentes e variadas metáforas, maior nossa habilidade de perceber o caráter complexo e paradoxal da existência humana e de suas possibilidades.

Metáforas devem ser lentes de esclarecimento, de pesquisa, de abertura, de entrada de luz em nossas íris, formando um mosaico de perspectivas que nos levem a uma leitura equilibrada e ampla da vida, e não prisões psíquicas que nos condenem a destinos traçados, a sentenças proferidas, a julgamentos preconceituosos, a certezas absolutas.

Cuide bem de você!

Os grandes líderes carismáticos sempre se utilizaram das metáforas para transmitir seus pensamentos e para amplificar seus ensinamentos
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