O lado humano

Leila Silveira e Délcio Fortes
22/12/2018 às 06:56.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:42

O animal quando tem fome ataca e mata. Quando ameaçado, morde, pica e fere... Age conforme seus instintos e necessidades, de modo previsível e natural... Se só existissem os animais, a natureza continuaria perfeita, intocável e quiçá eterna, caso não haja cataclismos e acidentes geológicos... Porém, cá prá nós, seria muito chata e entediante. Talvez seja por isto que o bom Deus resolveu criar o homem (mulher), com poderes de livre interferência, com habilidades de livre ocupação, com inteligência de livre transformação... É por isso, graças a este livre arbítrio, é que cometemos pequenos delitos, pequenos deslizes, pequenos senões que tornam nossa vida interessante, desafiante e produtiva.

Acreditamos que o equilíbrio advém destes prós e contras, desta dialética cotidiana, desta ambiguidade plural que desfrutamos e que nos permite fazer escolhas do que é melhor para nossa existência. Assim, embora sabendo que o álcool em excesso é prejudicial à saúde, quem é que não gosta de se deliciar com um copo de cerveja no churrasco do fim de semana?

Quem não passa noites em claro em detrimento de seu sono, quando está em jogo um compromisso maior, uma meta a cumprir, um sonho a realizar? Quantos hoje estão abandonando a profissão e a vida materialmente confortável que levam em troca de uma existência pacata e modesta no interior, fugindo do estresse, do barulho, da violência, da poluição?

Acreditamos que o equilíbrio advém de pequenas mudanças que só o homem consegue fazer na sua trajetória, no seu comportamento, na sua ideologia, nas suas crenças, nos seus relacionamentos, na sua postura...

Na sabedoria oriental o japonês considera que estratégia é a capacidade de adaptação ao novo, às mudanças, aos desafios, aos novos tempos... Foi graças a isso que conseguiram dar a volta por cima, depois de sucumbidos pelas bombas de Hiroshima e Nagasaki, para recomeçar do zero, reconstruir sua indústria nacional e assustar o Ocidente em 1976, quando invadiram os EUA com seus carros modernos, econômicos e competitivos, abalando definitivamente o domínio hegemônico das três grandes de Detroit... Acreditamos que a nação brasileira passa por um momento crucial , tendo oportunidade de escolher o futuro que almeja para as próximas gerações... Sabemos que a verdade absoluta não se encontra em nenhum dos dois lados da disputa... Acreditamos que as soluções devem ser negociadas e, seja lá quem for vencedor, terá que ouvir o outro lado se quiser contemplar a todos os brasileiros...

Comportamentos radicais nesta hora só demonstram o quanto ainda temos que evoluir ... Todos nós sabemos que passado o momento de euforia, passado o momento de conflagração, passado o momento de enfrentamento, teremos que conversar, teremos que somar esforços para sair do atoleiro em que nos metemos ... Felizes os que vão poder amanhã andar de cabeça erguida, abraçar velhos amigos, cumprimentar cordialmente seus adversários, fazer troças com o resultado e seguir em frente na busca dos ideais... Portanto, não caia na armadilha de ser dona (o) da verdade, não deixe a tentação de destruir o adversário tomar conta , não permita que mazelas políticas rompam a harmonia de seu lar, não criminalize as diferenças, pois graças a Deus nascemos numa terra miscigenada.

Afinal somos todos imperfeitos, e quem pode convicto atirar a primeira pedra?

  

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