O exercício da obstinação

Marcelo Alecrim*
27/12/2018 às 06:10.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:45

A sobrevivência de um empreendimento hoje no Brasil é um exercício de coragem, obstinação e esperança. Coragem para enfrentar os dissabores, muitos advindos das restrições impostas pelo Estado ao campo dos negócios privados, obstinação para não desistir diante das imposições e dificuldades que se apresentam e, sobretudo, esperança nos imensos potenciais de nosso território.

Abro essa observação nos meus 53 anos de vida, 33 dos quais dedicados à vida empresarial, iniciada aos 19 anos, quando comecei a ajudar meu corajoso pai como frentista em seu posto de gasolina na cidade de Canguaretama(RN). Daqueles tempos aos dias de hoje, ultrapassamos barreiras, abrimos fronteiras, expandimos o nosso empreendimento. Confesso, porém, que os últimos tempos têm sido os mais difíceis para os negócios em nosso país.

A maior recessão econômica da história nacional, a par do desânimo que abateu o espírito de empreendedores, mostra sua face perversa nos cerca de 13 milhões de desempregados e no desestímulo aos investimentos. Somente os obstinados, com sua inesgotável paciência, puderam resistir à maior crise econômica que já presenciei em minha trajetória empresarial. Para resistir às intempéries, ancoramo-nos na crença de que o Brasil foi, é e será sempre maior de que qualquer crise. Foi assim que conseguimos conduzir o nosso negócio ao porto seguro.

Felizmente, as nuvens pesadas no horizonte de nossa economia começam a se dissipar, sinalizando que o nosso amanhã será mais promissor aos empreendimentos. Não teremos, como se sabe, um crescimento extraordinário, mas o índice de 1,5% do PIB em 2019 poderá ser a luz no fim do túnel. Importa, doravante, contarmos com uma política econômica que possa alavancar os negócios e resgatar a confiança dos investidores.

Nesse sentido, já podemos expressar regozijo ao constatar que a equipe montada pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, prima pela qualidade técnica. É saudável para o nosso país ouvir dos integrantes da futura equipe econômica que o Estado se livrará de braços que atrapalham o funcionamento de seu corpo, como extensões que não fazem parte do core business das empresas estatais. Deixar o Estado do tamanho mais condizente com as tarefas que a nossa Constituição assegura – educação, saúde, habitação, saneamento básico, segurança pública – liberando outras áreas aos campos da iniciativa privada – esse deve ser o norte a ser seguido.

Queremos ver um país livre das amarras burocráticas, que tanto impedem o fluxo e o ritmo das operações; uma carga tributária calibrada pelos critérios de justiça e igualdade entre os entes federativos, e sem ameaças de geração de novos tributos; segurança jurídica que garanta às corporações internacionais tranquilidade para investir; segurança pública, capaz de propiciar aos cidadãos livre locomoção,; um sistema educacional que não deixe nenhuma criança fora da Escola.

A quadra que atravessa o país é um convite ao otimismo. O eleitorado brasileiro cumpriu o direito cívico de escolher representantes e o mandatário-mor. Nossa democracia está mostrando a solidez das instituições, não havendo motivo para receio de retrocesso. Urge confiar na nova moldura político/governativa que se esboça. Sou um otimista.

(*)Presidente Executivo do Conselho de Administração da ALE Combustíveis

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