Linchamento público

Mara Narciso
17/09/2019 às 08:43.
Atualizado em 05/09/2021 às 21:47

Antes havia a patrulha ideológica, uma crítica a quem não se enquadrasse no efeito manada. Hoje temos perseguição política, apedrejamento moral, linchamento e desnudamentos on-line, verdadeiras execrações públicas. A ferocidade dos ataques virtuais faz colocarmo-nos no papel da vítima.

No suplício moral passam a considerar coisas pessoais que nada têm a ver com o que está sendo analisado numa suspeita de crime, o que levaria à investigação, mas a opinião pública julga e dá sua condenação: “onde há fumaça, há fogo”, coisa que nem sempre é verdade. Assim como um irmão mergulhado no crime não implica que outras pessoas da família estejam naquele mesmo lado, na corrupção isso também pode acontecer. “Ah, se não roubou, deixou roubar”!

A maioria dos cidadãos pagadores de altos impostos quer ver seu dinheiro empregado em benefícios para todos, e, como suou para pagar suas obrigações fiscais, pede resultado aos seus esforços. Se por um lado a impunidade incomoda a população, por outro as perseguições baseadas em delações premiadas fraudadas por ameaças assustam parte do eleitorado. 

A busca de justiçamento a qualquer custo evita culpados soltos, mas acaba por aprisionar inocentes, que podem sim, ter seus erros e pecados, mas que, de alguma forma, foram arbitrariamente enjaulados. Quando são presos, há um estardalhaço da mídia, mas quando voltam à liberdade, enfrentam o silêncio e a indiferença, com total mudez dos meios de comunicação. Como em todos os países, existem injustiçados no Brasil, assim como culpados que vivem ao arrepio da lei. Que esses equívocos possam se acabar.

Em cada época se persegue um grupo. Houve a Santa Inquisição, o Macarthismo, o extermínio de judeus e, mais recentemente, uma má vontade com os muçulmanos em nível mundial. No Brasil, em cada época, se vê pessoas insultadas e perseguidas. Depois dos políticos, estão atrás dos “comunistas”, LGBT, população em situação de rua, negros, cultores de religiões afrobrasileiras, indígenas e artistas. A liberdade de pensamento não existe mais. Diante dessa ameaça, que haja cautela. Em relação a crimes, que os julgamentos sejam feitos em cima de provas, porque sem elas não haverá Justiça, e sim destruição de vidas por mero descuido da verdade.

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