Dificilmente passamos incólumes por essa vida. Quem é minimamente iniciado sabe que não é preciso trilhar o caminho de São Thiago para encontrar a besta fera que existe dentro de nós e que vamos ter finalmente que enfrentar. A verdade é que cultivamos “inimigos internos” que vão sugando nossas energias, adotamos vampiros emocionais que minam o oxigênio de nossa alma, criamos carrascos afetivos que destroem nossa autoestima e saúde psíquica.
Neste planeta azul não existem titãs. Todos nós um dia sucumbimos a um desafio que ultrapassa nossos limites, supera nossas forças, derruba nossa resistência e nos obriga a provar o fel da derrota, da traição, da doença, da falência, do acidente, da perda, da dor, da solidão, da prisão, da injustiça, da intolerância, do abandono, da violência, da queda, da loucura, do medo, do desespero, da aflição.
O grande problema é que não estamos preparados para enfrentar esses momentos de tensão, essas situações de crise, esses espasmos de sofrimento. Ao contrário, somos treinados na escola, na família, na sociedade para sermos vencedores, para enfrentarmos os desafios do mercado, as ondas de “turbulência externa” a nós mesmos. Somos bons gerentes de crises exteriores, mas sucumbimos facilmente quando ela existe dentro de nossa mente e dos nossos corações! Sabemos cuidar dos nossos cônjuges, de nossos filhos, de nossos “pets”, de nossas posses materiais, mas não somos capazes de enfrentar um tsunami que ameaça nossos sonhos e nossa sanidade emocional.
As estatísticas alarmantes sobre os indivíduos que já estão ou ainda vão desenvolver depressão ou outro tipo de transtorno psicológico ao longo da vida confirmam nossa tese de que estamos cada dia mais doentes, fruto de um sistema doentio, que silenciosamente por meio da ansiedade, do perfeccionismo, da pressa, da insônia, da irritabilidade, do apego, da intolerância, do medo, da exclusão, da competição vai sequestrando nossa alegria e nosso prazer de viver.
Tornamo-nos politicamente corretos, ambientalmente conscientes, maduros consumidores, experts em tecnologia, executivos eficazes, cidadãos do mundo, mas esquecemos de proteger o que nos é mais caro, o que nos permite alçar os maiores voos, o que realmente nos carrega quando estamos perdidos, acarretando um custo altíssimo num grau de orçamento que não conseguimos lidar.
Somos bons para os outros, agradamos a nossos chefes, somos um modelo para a sociedade, cuidamos de nossa prole, ajustamos o nosso tom aos matizes sociais prevalecentes, mas somos algozes com nosso eu interior, somos tiranos com nossas mais profundas sensibilidades. Gostamos de cobrar eficiência, gostamos de julgar comportamentos, gostamos de atingir metas, gostamos de ver de joelhos nossos inimigos. Nada, porém, nos deixa totalmente relaxados, enamorados com a nossa tranquilidade interior. Estamos sempre alertas, acelerados, desconfiados, intoxicados, em vigília constante.
Neste caos social que vivemos, a única saída é investir sua energia e talento na gestão de sua mente, no controle de suas emoções, no perdão inteligente, no silêncio estratégico, no afeto genuíno, na doação gratuita, na desintoxicação digital, na qualidade de vida, na crença de que você é único, insubstituível e imprescindível na missão mais importante para você aqui na Terra: proteger, malgrado todos os percalços, a sua própria felicidade!