Educação com 260 anos de atraso

Tiago Mitraud* - Administrador
Hoje em Dia - Belo Horizonte
26/07/2018 às 07:18.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:36

Independentemente da sua idade, você já deve ter ouvido a expressão de que o Brasil é o país do futuro. Mas você percebeu que esse futuro nunca chega?

O motivo é simples. Até hoje não valorizamos aquilo que fará de nós o país do presente: a educação básica. 

Diferentes avaliações comprovam o péssimo nível do nosso sistema. Dados da Prova Brasil mostram que, a cada 100 alunos, somente 30 concluem o ensino fundamental aprendendo o nível adequado de português. Em matemática, o resultado é ainda mais grave: apenas 14 crianças a cada 100 terminam o 9º ano do fundamental sabendo o mínimo esperado na disciplina. 

A comparação internacional também não é nada animadora. Entre 70 países participantes do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), os brasileiros ficaram na posição 63 em ciências e 59 em leitura. Em matemática, novamente nosso resultado foi ainda pior: estamos na posição 66, entre os 5 últimos países do ranking.

E a notícia que já não é boa fica ainda mais triste quando vemos que o Brasil caiu em todos os critérios na última avaliação. 

Com base nesses dados, o Banco Mundial concluiu que, no ritmo atual, o Brasil levará 75 anos para chegar na média de desempenho em matemática dos países desenvolvidos, e 260 anos para que nossas crianças dominem a leitura.

Assim, ainda vamos manter o eterno título de país do futuro por mais quase três séculos. Diante disso tudo, a conclusão óbvia seria priorizarmos o desenvolvimento da nossa educação básica, certo? Pois bem, infelizmente não é isso que acontece por aqui. 

No Brasil, investimos quase quatro vezes mais no ensino superior público do que no básico. Enquanto estamos na última divisão do investimento em educação básica, investimos nas universidades no mesmo patamar de países europeus.

É como se estivéssemos começando a construção de uma casa pelo teto! Não faz absolutamente nenhum sentido. Do jeito que está, é um sistema que transfere renda do pobre para o rico. 

Precisamos rever essa lógica e garantir que nossas crianças e jovens tenham uma educação básica de qualidade. O aprendizado destes conhecimentos é fundamental para que possam exercer plenamente sua cidadania e tenham liberdade para perseguir a carreira que desejarem.

Esperar até o ano de 2.278 para ver essa mudança acontecer é tempo demais.

*Empreendedor mineiro formado em administração com pós graduação na Harvard Business School. Foi presidente da Fundação Estudar e da Brasil Júnior, a Confederação Brasileira de Empresas Juniores

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