Doença Arterial Coronariana

Mara Narciso - Médica e jornalista
23/07/2019 às 04:56.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:39

A Doença Arterial Coronariana (DAC) é doença comum, prevalente e recorrente em minha família. Em 2001 tive uma dor no coração e, no hospital, fui submetida ao cateterismo cardíaco, exame invasivo, no qual a artéria femural (radial ou braquial) é invadida por um cateter de um metro de comprimento, que sobe pelo abdômen dentro da artéria aorta até chegar ao tórax, atingir o coração, onde o órgão é filmado após injeção de contraste iodado. As artérias coronárias levam sangue da aorta para nutrir o músculo cardíaco. O infarto é o resultado da obstrução total desses vasos sanguíneos por placa de gordura, que sofre uma trombose (formação de coágulo). O cateterismo deu obstrução de 40% a 60% da luz de três coronárias, e uma alteração anatômica no músculo cardíaco que abraçava uma coronária. Alguns disseram que tive infarto, outros que não tive.

Desde então, faço tratamento com cardiologista, como dieta pobre em gordura saturada, abandonei a margarina, uso medicamentos para dilatar as coronárias e para combater o colesterol, e cuido da mente através da psicanálise e do corpo com exercícios físicos.

No dia 23 de junho de 2019, depois de mais de dois anos sem ter dor no coração, senti uma dor intensa, que me acordou. Espantam-se quando sabem que tenho esse tipo de problema, porque sou magra. Uma dor no coração é como se um elefante pisasse sobre seu tórax, você estando deitado no chão. O coração seria um tomate maduro que é esmagado, e a dor gerada se espalha pelo peito, levando a tétrica sensação em todas as direções. Naquele dia a dor começou do lado esquerdo e se espalhou para o meio das costas, pescoço, queixo e dentes. Era em aperto, gerando angústia e medo. Fui ao hospital onde fiquei por três horas, fazendo exames de sangue e eletrocardiograma. Disseram-me que eu não tive infarto.

Procurei minha cardiologista Rita Leite Nascimento, que cuida de mim desde a primeira dor. Ela me pediu uma cintilografia, que é um exame de imagem em que se usa substância radioativa para estudar o músculo cardíaco. Quando há obstrução das artérias coronárias, há alteração na coloração da imagem, e tal ocorreu, havendo a hipótese de isquemia (má oxigenação do coração) e um provável infarto. Devido aos sintomas, foi-me solicitado um cateterismo, que foi feito no Prontosocor pelo médico Alexandre Brant. Como tem muitos casos de cirurgia de ponte de safena em minha família, que é quando se retira uma porção da veia safena na perna e se coloca no coração, fazendo uma ponte entre a aorta e a área isquêmica, eu pensei nessa possibilidade. O exame não mostrou doença arterial significativa, porém, detectou a já sabida “ponte miocárdica”, má formação, na qual o músculo cardíaco dá um abraço de afogado na artéria coronária, espremendo-a a cada batida mais vigorosa ou rápida, gerando dor, e cujo tratamento é clínico.

As placas de gordura, conhecidas há quase 18 anos, sumiram. A obediência aos médicos, a dieta e as estatinas levaram-me a esse resultado. O comum das doenças crônicas é se estabilizarem com o tratamento ou se agravarem. A conclusão surpresa me deu vontade de fazer mil coisas, especialmente me mudar para uma casa na praia. Vejamos para que lado a minha vida correrá.

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por