Diversidade no agronegócio do Brasil

João Guilherme Sabino Ometto*
*
30/12/2021 às 09:44.
Atualizado em 04/01/2022 às 00:16

A Covid-19, dentre as duras lições impostas à humanidade, deixou muito claro não ser mais possível postergar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. Os novos prazos estabelecidos para os avanços na erradicação da miséria, harmonia internacional, sustentabilidade ambiental, redução das disparidades, universalização do ensino e mais saúde terminam em 2030. Restam nove anos, portanto, para se fazer tudo o que não se conseguiu realizar nas duas primeiras décadas deste século.

No cumprimento dessa agenda determinante para a economia e o futuro da Terra, um dos fatores condicionantes é a diversidade, indutora da justiça social, distribuição de renda, inclusão e combate às desigualdades e discriminação. Felizmente, o tema tem avançado no Brasil, inclusive no campo. 

Segundo o Censo Agro 2017 do IBGE, cerca de 47,9% dos estabelecimentos agropecuários tinham produtores declarados como brancos e 52,9%, pretos, indígenas, amarelos e pardos, com predominância destes últimos (42,6%). Também se nota aumento, ainda que moderado, das lideranças femininas. As propriedades rurais dirigidas por mulheres representavam 10% das áreas totais das 5,3 milhões existentes no país. Porém, em número de estabelecimentos, as dirigentes já eram 18% do total. Na sucessão familiar, as filhas começam a conquistar mais espaços.

Nesse contexto, também cabe enfatizar o significado das pequenas propriedades, em especial a agricultura familiar, que continua representando o maior contingente (77%) dos estabelecimentos agrícolas brasileiros. O segmento é decisivo para a produção de alimentos. Nas culturas permanentes, responde por 48% do valor da produção de café e banana; nas temporárias, 80% da mandioca, 69% do abacaxi e 42% do feijão.

Porém, é pertinente ponderar que o segmento carece de políticas públicas cada vez mais adequadas e eficazes, principalmente quanto ao crédito e ao seguro rural, pois é decisivo para o agronegócio, a economia e a segurança alimentar.

O meio rural evoluiu em diversidade neste século muito mais do que nos 100 anos anteriores. Precisa e deverá continuar avançando nessa agenda. A terra é feminina! Mulher acolhe e supre todas e todos com imensa generosidade e inspira a civilização à prática da igualdade de gênero, direitos e deveres isonômicos e repúdio a todo tipo de discriminação.

*João Guilherme Sabino Ometto é engenheiro (Escola de Engenharia de São Carlos - EESC/USP), empresário e membro da Academia Nacional de Agricultura (ANA).

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