Dia 8 de março

Mara Narciso
yanmar@terra.com.br
10/03/2020 às 00:02.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:53

Neste instante há mulher apanhando, ameaçada de morte ou morrendo por tiro ou surra, ou suicidando-se por não encontrar outra saída. Meninas são estupradas por parentes e aderentes. Em tribos primitivas, meninas têm seus clitóris amputados como forma de domínio. Em certos países, mulheres são apedrejadas. Aqui são discriminadas, humilhadas e injustiçadas com triplas jornadas. Pessoas do sexo feminino, sob assédio dos chefes, mesmo atuando melhor que os pares masculinos, ganham 25% a menos para fazer o mesmo trabalho.

Essas infâmias mostram ainda ser necessário o Dia Internacional da Mulher para discutir direitos iguais numa sociedade patriarcal. O passado voltou e o Feminismo está sendo visto como atitude a ser combatida, a fim de suprimir avanços em nome da família tradicional: papai, mamãe, filhinho. Igualdade de direitos não inclui alterações morais nem éticas. Imoral é uma mulher ser assassinada a cada duas horas, sendo parte delas vítimas de feminicídio. Liberdade, independência e autonomia para elas são bens almejados em todo o mundo, exceto em poucos países fechados na tradição fundamentalista, com opressão religiosa à mulher.

Em 1920 uma moça rica podia estudar Normal e educar crianças, mas vestia roupas fechadas e não podia namorar - tudo escrito no contrato. No Brasil, a mulher vota desde 1932, e pouco antes eram tidas como incapazes de escolher o governante. Pagu - Patrícia Galvão, foi à praia de maiô em 1933. Mulheres não podiam entrar sozinhas em restaurante, então, em 1936 criou-se em São Paulo um deles só para elas. Em 1969, a orquestra parou de tocar numa festa no Automóvel Clube de Montes Claros, quando lá chegou uma mulher desquitada. Em 1970, uma moça não fumava na rua. Em 1971, grávida, Leila Diniz foi à praia de biquíni. Em 1977, chegou a Lei do Divórcio. As conquistas não foram dadas, foram arrancadas pelas pioneiras com luta, lágrimas, sangue e suor, palmo a palmo, após anos de espera.

O dia 8 de março – quando queimaram trabalhadoras que protestavam – não é para felicitações, é para pedir penas contra a discriminação. Enquanto houver injustiça de gênero, a mulher não terá sido plena, e o Dia da Mulher precisará existir. Por favor, parem de matar mulheres!

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