Desde pouco antes do ano de 1996, na cidade de Januária, começou a execução do trabalho apícola ainda de maneira um tanto informal, chamado antes de meleiros. Era realizado por poucos moradores na região e arredores como uma espécie de hobby. Porém esse pequeno grupo foi sentindo a necessidade de um local onde o mel pudesse ser melhor aproveitado e, com as ferramentas adequadas, foi então realizada a compra do espaço onde hoje é a Casa de Mel.
Porém, alguns órgãos, como a Codevasf, principalmente, vislumbraram potencial naquele grupo e notaram então que seria interessante colaborar com a doação do material necessário para formar a estrutura que existia e tornar aquele hobby em profissão. Para que isso acontecesse foi necessário a doação do terreno para a prefeitura e tornando o terreno em uma agroindústria pública, pois apenas desta forma poderiam receber o investimento feito pela Codevasf. Alguns anos se passaram e após essa grande conquista muitos apicultores acabaram desanimando, já que se depararam com a dificuldade de uma administração de liderança eficaz e também com a falta de comercialização do produto e divulgação da Casa de Mel e o grupo enfraqueceu.
Já no ano de 2014, com a chegada da paulista Luciana P. Américo Moraes e seu esposo houve algumas reuniões com o grupo que havia permanecido, onde foi acertado que tamanha estrutura não podia ser abandonada e então ela assumiu a presidência da associação fazendo um up e somando o antigo grupo de apenas sete apicultores a uma enorme equipe de 42 associados ativos direto. Parte do árduo trabalho foi transformar a visão dos apicultores: o que antes era apenas algo feito para “passar o tempo” poderia se tornar, sim, uma profissão reconhecida, valorizada e que tivesse remuneração.
Hoje a equipe faz trabalhos constantes dentro do município e região e o grupo tem aumentado significativamente, chegando a beneficiar mais de cem famílias atualmente, principalmente após a Feira do Mel que foi realizada em maio de 2018 em parceria com a Codemig, dentre outros órgãos envolvidos, e que entregou ainda mais visibilidade para a associação Arajan e o trabalho que vinha sendo realizado naquele município. Devido à boa administração conseguiram dar continuidade e conquistar o registro do IMA, o que tem uma importância enorme, pois permite que o mel seja comercializado em todo o Estado de Minas Gerais.
No decorrer dos últimos quatro anos é notório observar que os apicultores daquela região tiveram uma evolução muito significativa, obtiveram êxito nos trabalhos propostos, tiveram aumento no valor que o apicultor ganha hoje pelo produto, profissionalização em diversos cursos, reformulação e atualização na execução do manejo, destaque e expansão na venda dos produtos dentro do próprio município e regiões vizinhas, reeducação sobre a funcionalidade do mel que antes era usado apenas como remédio e hoje como alimento e por isso a procura nos mercados e estabelecimentos da região aumentou grandiosamente e também o principal fator, que foi mostrar para as pessoas o valor que esses pequenos insetos têm no meio ambiente com a polinização.
*Membro do Conselho Administrativo da Arajan