Cândido Canela – 100 anos de poesia

Thiago Valeriano Braga
08/05/2019 às 07:22.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:33

Em 22 de agosto de 1910 vinha ao mundo o primeiro filho da família Canela, boa gente, entregue à labuta do Norte de Minas. Ele, criança feliz, que desde cedo despertou no olhar e no desejo queda pelas letras, em especial, pela poesia com gosto de açúcar candi. Açúcar, mesmo, somente no verso, pois naquela época o produto era coisa rara na região de Montes Claros, a “sinhaninha” dos gerais. Isto porquê a cidade-colônia tinha um pouco de tudo, da farinha grossa à penca de banana-da-terra, trazida em lombo de animal.

De um lado, o vilarejo em pleno crescimento físico e populacional. Do outro, a cultura ganhando novas cores e formas, enxertando as poucas, mas bem escritas palavras de Cândido, o poeta montes-clarense do passado. Deste jeito, “sem tê nem pra quê”, desdobrando a folha de papel em branco, que a maior expressão literária do município teria lugar na preferência do público leitor.

O “querer bem” à terra que o viu nascer, se entender por gente e cativá-lo na arte da trova. Cantou o que pôde cantar, em músicas leves, de grande sonoridade e beleza sem igual. Compositor das antigas.

Mineiro em tudo, até na escolha do tema do seu primeiro livro, “Rebenta Boi”, cujo assunto acalora os ânimos, com cheiro de mato, ranger de carroça e sabor de refresco de groselha, o mesmo refresco servido nos butiquins de 1925.

O homem simples, quando visto no retrato preto e branco preso na parede, talvez sem nada para oferecer, em termos de exemplo e/ou trabalho artístico. Engana-se, pois, quem tem essa impressão acerca do autor. De tempos em tempos, hei de vê-lo assinando um poema, dando título ao texto ou emprestando seu nome a alguma rua de Montes Claros, o cenário que lhe conduziu por toda vida.

Cada rima parece nos dizer algo além daquilo que está escrito, numa espécie de convite para andarmos pelos caminhos da roça. Pensou mais de uma vez sobre o claro dos montes, a rota dos viajantes, com destino a São Paulo.

Foi, ainda, o cidadão do “dito e feito”, escrevendo aquilo que lhe dava na veneta, para encanto das gerações. O azul do céu nunca deixa de ser azul. Poeta vira estrela!

Bacharel em direito

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