Arte acessível

Myrian Aubin - Pianista mineira
Hoje em Dia - Belo Horizonte
20/09/2018 às 06:18.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:33

Ludwig van Beethoven, um dos compositores mais respeitados de todos os tempos, era surdo. Stevie Wonder e Andrea Bocelli são cegos. Cego também era Ray Charles, que fez história com sua belíssima voz. Herbert Vianna, vocalista da banda brasileira Os Paralamas do Sucesso, se tornou cadeirante após um acidente aéreo. Não faltam exemplos de pessoas que conseguiram superar as limitações e produzir arte de qualidade.

Porém, quando se trata de pessoas portadoras de deficiência consumindo arte, a conversa muda um pouco de figura. Não é muito comum vermos medidas de acessibilidade em espaços como cinemas, teatros e exposições. Pessoas com algum tipo de deficiência física se interessam por arte como qualquer outra pessoa, mas acabam desestimuladas a frequentar espaços artísticos por falta de medidas que facilitem o acesso e o consumo dos produtos oferecidos, seja um filme ou exposição.

No dia 21 de setembro é comemorado o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência. A data foi oficializada em 2005 por meio da Lei Nº 11.133 e é uma oportunidade para dar visibilidade a todas as questões que afetam essa parcela da população. Felizmente, ao longo dos últimos anos, diversas conquistas já foram feitas. A Lei Federal nº 8.213, conhecida como Lei das Cotas, diz que empresas com mais de 100 funcionários devam separar um número de vagas para pessoas com deficiência. Já a Lei Federal nº 10.098, que diz respeito à acessibilidade, fala sobre os mecanismos que contribuam com a autonomia das pessoas com deficiência. São medidas importantes e que devem ser ampliadas ainda mais.

Entretanto, é fundamental também ampliar o debate sobre medidas de acessibilidade para portadores de deficiência em locais como teatros, museus, cinemas e exposições artísticas. Sabemos que nem sempre é fácil fazer isso, seja por questões financeiras ou burocráticas. Mas, pouco a pouco, é possível mudar essa realidade por meio de algumas iniciativas.

Em Belo Horizonte, o projeto “Allegro Vivace” implementou neste ano algumas medidas de acessibilidade para deficientes visuais. O projeto oferece concertos de música erudita gratuitos, uma vez por mês, nas dependências do Hospital Mater Dei. Para a temporada 2018, o projeto passou a disponibilizar cartazes em braile em diversos pontos da cidade, como o Lar das Cegas e Praça da Liberdade, informando a atração do mês. Além disso, no dia do recital, são oferecidos folhetos em braile com a programação musical e há uma pessoa exclusiva para auxiliar os deficientes visuais a se locomoverem dentro do espaço. São medidas que dão autonomia e mostram que aquele local também foi pensado para eles.

É fundamental estimular esse debate e pensar quais ações podemos articular para incluir pessoas portadoras de deficiência nos espaços artísticos. A arte é uma das coisas mais valiosas que temos e é nosso papel garantir que todas as pessoas tenham acesso a ela. Só assim teremos uma sociedade mais acolhedora e justa. Afinal de contas, a cidade deve se adaptar às pessoas. E não o contrário.

  

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